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Enviada em: 02/08/2018

Comparada à matriz energética mundial, a matriz brasileira toma a frente no que diz respeito à utilização de meios renováveis. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, o país utiliza três vezes mais fontes limpas. Contudo, mais de 60% provém de usinas hidráulicas, mostrando uma dependência dos ciclos de chuvas. A recente crise de abastecimento, evidencia a inevitabilidade de se pensar estratégias para diminuir a subordinação às águas. Dessa forma, o baixo uso de outras fontes renováveis como a eólica e o biogás e o interesse do setor privado, contribuem para a estagnação.     A princípio, destaca-se a subutilização do potencial eólico de algumas regiões brasileiras. O Nordeste recebe, diariamente, ventos alísios: grandes deslocamentos de massas de ar quente e úmido, devido à sua localização na Zona de Convergência Intertropical, sendo o Rio Grande do Norte o estado com maior capacidade de exploração. Da mesma forma, o Sul do país sofre grande influência da Massa Polar Atlântica, que chega ao continente proveniente dos polos e, em conjunto com o baixo relevo da região, possibilita movimentações de ar sem barreiras naturais que o impeçam. Entretanto, a necessidade de um alto capital inicial e, acima de tudo, o interesse financeiro das grandes corporações responsáveis pelo monopólio da produção nacional, obstruem a expansão desse tipo de meio para produção elétrica e causam a falha na diversificação, fato que colaboraria na atenuação da crise.     Outrossim, é muito baixo o aproveitamento de fontes biológicas. A biomassa e o biogás surgem como complemento da matriz energética, ao mesmo tempo em que contribui para o destino adequado para resíduos orgânicos. Esse tipo de material provém de resíduos florestais e industriais, restos e dejetos de animais e, também, do lixo doméstico. No entanto, para que seja possível essa conversão, é inexorável o investimento na canalização do biogás -proveniente da decomposição dos fragmentos-  e também, na coleta seletiva de lixo industrial e doméstico: que ainda é ínfima em comparação ao que é produzido e descartado, e não possibilita a total arrecadação e transporte até as usinas de conversão.    Apesar de possuir a maior reserva aquática do planeta, o Brasil necessita de alternativas para a geração de energias. Urge, portando, o dever de enfrentar o setor privado e investir no potencial de fontes limpas que não vêm sendo utilizados. Com isso, o Estado deve deslocar fundos para a efetivação do saneamento básico, com captação do lixo orgânico e a construção de usinas de conversão de biomassa em eletricidade e, ainda, o financiamento de produtores rurais na criação de estações de coleta de resíduos e transformação em energia para o abastecimento de sua zona, contribuindo para a autossuficiência. Bem como, a pesquisa e exploração eólica, com a edificação de mais moinhos no Nordeste e Sudeste, como forma de diminuir a dependência do setor hidrelétrico.