Materiais:
Enviada em: 14/10/2018

Sobre a Serra do Espinhaço, a única cordilheira do Brasil, localizada no estado de Minas Gerais, incidem ventos que chegam a atingir mais de 43 Km/h. Tal potência das massas de ar poderia gerar duas vezes a quantidade de energia fomentada na Usina de Itaipu e cerca de três vezes mais que a produção elencada na Usina de Belo Monte. A priori, em 1994 foi construída nessa região a Usina Eólica do Morro do Camelinho, pioneira no país nessa modalidade de produção energética e na inclusão ao Sistema Elétrico Integrado do país. Todavia, o interesse econômico dos investidores prevalece nas necessidades ambientais e na sustentabilidade, haja vista que se opta por construir estruturas que demandem retorno financeiro imediato, desvinculado de avaliações holísticas dos recursos disponíveis. Esse é apenas um dos constituintes da crise energética brasileira.        Doravante, como consequência dessa linha de planejamento, a Usina do Morro do Camelinho não gera energia desde 2015, pois o relevo acidentado e a topografia local tornam mais complexo o aproveitamento desse potencial, em detrimento das áreas planas. Não obstante, os geradores revelaram-se obsoletos mediante a tecnologia atual e os altos custos de manutenção desencorajaram os investidores. A posteriori, a capacidade hídrica alocada no território brasileiro e o custo reduzido de produção associado ao retorno do montante orçamentário empregado, reforçam a produção hidroelétrica, que se choca com a ausência de integração e sistematização nacional.        Por conseguinte, o descompasso entre a Política de Recursos Hídricos e do Saneamento Básico, conflui com a distribuição desigual das águas no espaço geográfico, que se choca com a banalização dos preceitos da sustentabilidade, com a intensa e desordenada urbanização nas grandes metrópoles que gera o aumento no consumo desses recursos, com a irrigação de culturas voltadas para o agronegócio e com o desmatamento dos biomas locais. Outrossim, cerca de 4 anos após o início da crise hídrica que afetou o estado de São Paulo, o Sistema Cantareira entrou novamente em estado de alerta em julho desse ano, visto que a crença na abundância hídrica reforça o desperdício.       Em síntese, esses fatores condensam-se no estresse hídrico constante nos ecossistemas, que resulta, lato sensu, nas crises de abastecimento e geração de eletricidade. Portanto, é necessário que o Governo Federal foque energicamente no planejamento sistêmico das políticas de consumo e produção, que devem segmentar-se em investimentos no saneamento básico por meio de políticas públicas fiscais, sectárias à Lei Orçamentária Anual. Além disso, incentivar o reuso da água para a irrigação urbana e para a descarga de vasos sanitários, bem como difundir projetos educacionais de preservação voltados à população, por meio das Prefeituras, são passos iniciais da conscientização.