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Enviada em: 25/10/2018

As manifestações de 2013 e 2014 despertaram no gigante algo que a muito tempo estava adormecido: o senso de participação política. Desde então, o Brasil descobre sua guerra fria, já que na medida que o tempo passa, o surgimento de novas pautas revela uma população cada vez mais politizada  e, na mesma medida, polarizada; a divergência de ideias torna-se, então, inevitável.  Em primeiro lugar, cabe discutir a própria questão do conflito de visões no meio político. Em sua entrevista para o Um Brasil, o cientista político João Pereira Coutinho afirma: "realizando um paralelo com o meio naval, o sistema político é como um barco. Se as pessoas se deslocam para um ponto específico, este se desequilibra. O debate de ideias é necessário para uma democracia saudável". Esta situação parece se distanciar do Brasil, pois com a ascensão da politização, a polarização revela um caráter animalesco nos debates e, por vezes, hostil; perdeu-se a capacidade de discernimento do normal e o radical.  Em segundo lugar, a busca por messias imaculados no meio político amplifica a questão; em meio a turbulência social, é comum o surgimento de figuras que prometem o apaziguamento. O problema reside no fato de que, ao projetar narcisicamente as expectativas nesses salvadores, as pessoas fecham os olhos para situações que, eventualmente, afastam esses políticos do ideal de santidade preestabelecido. No final das contas o debate torna-se religioso, onde a crítica à "divindade" alheia caracteriza uma blasfêmia. Posto isso, medidas devem ser tomadas para mitigar o problema. Cabe às instituições  -família, Estado, Igreja- realizarem a capilarização da ideia de tolerância. O caminho para do debate equilibrado certamente auxiliará a sociedade nos possíveis problemas a se enfrentar. Cabe às mesmas instituições disseminarem a ideia de que os políticos são os representantes eleitos da população -não seres semi mitológicos-  abrindo margem para uma contemplação menos divina desses. Ao idealizar o contorno dos debates, pressupõe-se a ideia da instauração do fim do diálogo -por qualquer instância. A democracia necessita de debates; esses devem ser acompanhados de tolerância e respeito.