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Enviada em: 25/03/2019

No século V, com a queda do Império Romano do Ocidente, as sociedades europeias ali remanescentes encontraram, em meio à ruína de Roma, uma nova forma de configuração econômica e social, que deu origem a um período de reconstrução: A Idade Média. Hodiernamente, de modo símil, a população brasileira busca novas formas de organização da sociedade para enfrentar os problemas econômicos do país, reflexo da recessão. Essas práticas, na medida que garantem o sustento de parte das famílias brasileiras e impulsionam a economia, também ignoram direitos já conquistados e ampliam a marginalização social no Brasil.       Em primeira análise, deve-se ponderar as consequências dessas conjunturas não tradicionais para o corpo social brasileiro, a exemplo da economia solidária e do trabalho informal em expansão no país. De acordo com Karl Marx, sociólogo alemão, as crises do sistema capitalista resultam em empobrecimento e perda de direitos pela classe trabalhadora. Nesse contexto, essas novas configurações e o retorno de antigas práticas, como os bancos comunitários, embora se constituam como resoluções passageiras para a atual recessão econômica do Brasil e assegurem a continuidade de parte dos processos produtivos nacionais, vilipendia direitos trabalhistas outrora conquistados, expondo o trabalhador a riscos, como o trabalho escravo, corroborando com o sociólogo.       Cabe ressaltar ainda, em segundo plano, que essas práticas criativas do povo brasileiro para lidar com a crise, também contribui para a ampliação das desigualdades sociais e marginalização das comunidades carentes. Nesse sentido, observa-se a disseminação de profissionais autônomos que buscam o seu sustento no mercado informal, a exemplo dos ambulantes, o que demonstra a força do brasileiro ante à adversidade. Contudo, tal realidade também está frequentemente associada a redução da renda familiar e elevação da violência nas comunidades carentes - principalmente pela ascensão do narcotráfico - elevando sua vulnerabilidade e exclusão social.        Diante disso, é mister que o Estado brasileiro tome medidas diligentes para melhorar e fiscalizar as novas formas de organização social de enfrentamento da crise econômica. Destarte, o Ministério da Justiça e os setores trabalhistas devem, mediante pesquisas, auditorias e palestras com economistas, verificar o funcionamento das novas práticas sociais, como os bancos comunitários, e instruir seus participantes quanto a forma adequada de seu funcionamento, visando à proteção dos trabalhadores e à garantia de seus direitos. Por fim, o Governo Federal deve, mesmo diante da crise, ampliar os investimentos públicos em áreas sociais, como saúde, educação e transporte, a fim de reduzir a introdução de grupos criminosos nas comunidades carentes e as vulnerabilidades do povo brasileiro.