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Enviada em: 11/05/2019

Para Platão, quando alguém é privado do conhecimento, é privado da vida democrática e, assim, pode ser mais facilmente governado por políticos não qualificados. Essa afirmação se aplica à realidade brasileira contemporânea, haja vista que a maioria da população não é contemplada com bens culturais. Nesse contexto, é possível afirmar que tanto a herança colonial quanto a negligência governamental contribuem para o acesso restrito à cultura no Brasil.     Primeiramente, é imperioso assinalar que a forma com que se deu a colonização tupiniquim está no cerne do problema. Como toda colônia de exploração o Brasil, segundo uma análise marxista, sempre foi a base material e fonte de riquezas que sustentou países centrais, como a Inglaterra. Esses, no entanto, eram produtores de cultura, a qual exportavam aos países periféricos, graças aos espólios proporcionados pelas colônias. Assim, a produção e distribuição de cultura nunca foram prioridades nacionais, restringindo-se às elites que podiam pagar pela importação de livros e quadros, por exemplo.      De maneira análoga, vale ressaltar que o descaso do poder público impede que grande parte da produção intelectual e artística nacional e estrangeira seja mais inclusiva. Prova disso é a quantidade de municípios (quase 80%, segundo o IBGE) que não possuem cinemas nem livrarias. Essa negligência fere os princípios da Constituição Cidadã, que assegura, em seu artigo sexto, o acesso de todos aos bens culturais da nação, a fim de promover o desenvolvimento intelectual dos indivíduos e social do país. Desse maneira, grande parte da população aliena-se, como afirmava Platão, do processo político, e é impedida de ter direitos básicos como o conhecimento.     Portanto, infere-se que o elitismo cultural brasileiro reside em problemas estruturais do país. Impende, então, ao MEC, por intermédio de verbas governamentais, a criação, em todos os municípios, de estruturas que concentrem em um só lugar salas de cinema, biblioteca e computadores conectados à internet, com o fito de promover o acesso irrestrito da população aos produtos culturais dos mais variados tipos. Desse modo, criar-se-à, conforme a utopia platônica, uma república ilustrada e partícipe do processo democrático.