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Enviada em: 15/05/2019

Apesar de globalmente famoso por sua heterogeneidade, pautada em uma cultura miscigenada, o Brasil apresenta um descompasso estre a oferta de bens e produtos culturais e o consequente acesso a esses, dada a ainda incoerente dispersão geográfica de centros e artifícios culturais pelo país. Ademais, essa condição nefasta é reforçada pelo desigual condicionamento educacional e financeiro dos brasileiros, os quais acabam por desprivilegiar a frequência em ambientes como museus, teatros e cinemas, conjuntura que desafia e retarda o processo de democratização cultural no Brasil.       Nesse contexto, a desigual distribuição do patrimônio artístico brasileiro reflete-se em um cenário de concentração cultural que dá primazia apenas a grandes lócus urbanos do país, onde vive a população de maior poderio econômico e intelectivo, enrijecendo um velado fracionamento sociocultural. Assim, o preço e a distante localização de muitas atrações como peças teatrais e shows faz com que a população das zonas mais periféricas optem por outros tipos de lazer, mais acessíveis econômica e intelectualmente. Nessa perspectiva, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os 10% mais ricos e com maior grau de instrução são responsáveis por 40% do consumo cultural do país. Desse modo, é posto sobre o direito de cada cidadão uma nódoa que codifica os pertencentes às classes sociais mais ricas como os únicos detentores do acesso à cultura.        Outrossim, é fato que o contato com a cultura de um povo ou região é fundamental para construir o senso crítico humano. Todavia, o Brasil oferece desde sua formação uma exígua postura de valorização e incentivo à cultura, falha educacional que não permite o desfruto do valioso acervo cultural brasileiro por grande parte de seu povo, postura que faz com que cerca de 75% dos brasileiros, nunca tenham frequentado ou frequentem um museu, conforme pesquisa realizada em 2013 pelo Ministério da Cultura. Diante disso, a estratificação do acesso à cultura crítica e límpida é dilatado, deixando para a grande massa a indústria cultural, conforme prevista pelos pensadores Adorno e Horkheimer, a qual consiste em fazer arte em escala industrial, de modo seletivo e filtrado comercial e ideologicamente.       Portanto, a fim de edificar uma nação culturalmente democrática, é fundamental que o Ministério da Cultura reorganize a logística de distribuição de subsídios para todos os municípios, por meio da difusão nacional de mais centros de acesso à arte e à cultura, como teatros, exposições artísticas etc, não só nas zonas mais nobres do país, com o fito de tornar mais praticável para todos o contato com um direito básico do cidadão: o acesso à cultura. Além disso, é fulcral que as escolas promovam visitas a museus e centros de arte para todas as classes e faixas etárias de discentes, convidando os pais a participar, com o intuito de construir um caráter unânime de interesse pelo patrimônio cultural da nação.