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Enviada em: 15/05/2019

Desigualdade e desvalorização       A cultura é um fator fundamental para a formação de uma sociedade equilibrada. No entanto, quando o acesso a ela é limitado, infere-se que há desequilíbrios sociais que precisam ser solucionados. Há, no Brasil, dois problemas principais que impedem a democratização cultural: a falta de infraestrutura causada pela desigualdade social e a desvalorização dos patrimônios materiais e imateriais brasileiros em relação às produções culturais difundidas pela indústria de massa.        A nação brasileira é uma das mais desiguais do mundo. Pois, de acordo com o filósofo alemão Jurgen Habermas, as instituições sociais, responsáveis pelo controle da sociedade, sempre foram dominadas por uma maioria política que é vitoriosa por conta de processos socio-históricos. Essa dominação gerou uma regulação social excludente, causando a desigualdade social. Dessa forma, há regiões periféricas que foram excluídas ao longo da história, recebendo menos investimentos governamentais, como é o caso do Norte e Nordeste em relação ao Sul e Sudeste. Essa diferença causou um "apartheid" cultural, pois as regiões periféricas não apresentam qualquer infraestrutura que possibilite o acesso à cultura, como internet, cinemas, teatros, etc.       Outrossim, além da precariedade estrutural, existe uma desvalorização dos patrimônios culturais brasileiros. O Brasil, apesar de ser marcado pelo seu sincretismo, vem sofrendo com a interferência capitalista no mundo das artes e da comunicação. Conforme elucida o sociólogo Theodor Adorno, a indústria de massa, por meio dos meios de comunicação, busca hegemonizar a sociedade culturalmente, para vender somente aquilo que gere lucro. Consequentemente, toda riqueza cultural característica das diversas regiões brasileiras, como o folclore e a arte de rua, por exemplo, é abandonada, por não serem lucrativas, dificultando, ainda mais, a democratização cultural.       Portanto, faz-se extremamente necessária a intervenção governamental para democratizar o acesso à cultura. Em um primeiro momento, o Estado deve promover uma Reforma Tributária, na qual o imposto de renda tenha uma alíquota que cresça conforme aumenta o salário do indivíduo. Assim, seria possível arrecadar, segundo o Instituto de Justiça Fiscal, 80 bilhões de reais por ano. Com essa quantia, o Ministério da Cultura deve direcionar investimento às regiões historicamente deficitárias, com o intuito de melhorar a infraestrutura com a construção de teatros, museus e bibliotecas. Concomitantemente, o Ministério da Educação tem que criar uma cartilha nacional para as escolas, com roteiros de visitas a museus, criação de feiras temáticas e realização de palestras, buscando valorizar o patrimônio cultural brasileiro e difundir a importância de sua preservação para a sociedade.