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Enviada em: 16/05/2019

Fim ao complexo de vira-lata      Desconhecimento, preconceito, elitização. Diversos são os empecilhos para a democratização do acesso à cultura no contexto nacional. Ao longo do processo de colonização do Brasil, as manifestações artísticas sob formas, por exemplo, de literatura, de pintura, de dança e do canto sempre se mantiveram restritas à elite local. Com efeito, esse panorama de desconstrução cultural, fruto de uma herança culturalmente elitista e, também, de sua desvalorização no contexto nacional contemporâneo, mostra-se um desafio a ser superado com urgência.        Em primeiro lugar, sob a ótica historiográfica, a herança elitista dos movimentos culturais fomenta uma complexa realidade de aculturamento do povo brasileiro, haja vista que essa herança ainda se faz presente e grande parcela da população não consegue custear os altos valores para ter acesso à cultura. Além disso, conforme dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estática 42% da população brasileira não pratica nenhuma atividade cultural, o que mostra a importância do debate acerca dessa problemática. Vale ressaltar, também, que a manutenção desse processo social decorre do modelo socioeconômico vigente, o qual não busca desconstruir essa realidade.    Em um segundo plano, essa herança construiu no imaginário coletivo brasileiro imensa desvalorização de sua própria cultura, visto motivar o "complexo de vira-lata", ou seja, a super valorização da cultura estrangeira e desvalorização da cultura nacional. Ademais, essa conjuntura materializa com nitidez a concepção de "Indústria Cultural", refletida pelos filósofos Adorno e Horkheimer, cuja base teórica buscava compreender a abordagem dos meios de comunicação, a qual busca massificar ideias e extinguir a criticidade do público. Com isso, tal reflexão reaviva conceitos como o "complexo de vira-lata", na qual essa grave situação ainda se faz presente no Brasil.      Portanto, é perceptível que a herança cultural elitista e o próprio "complexo de vira-lata" são desafios à cultura nacional. Visto isso, a fim de garantir acentuada melhora nesse panorama, cabe ao Governo Federal, via Ministério da Educação, por meio de políticas interventivas, implantar a disciplina de Cultura Brasileira na grade curricular do ensino básico. Adicionalmente, mediante o redirecionamento de verbas, o Ministério da Cultura deve reduzir os preços das entradas em espaços culturais de modo a incentivar a ida da população. Dessa maneira, construir-se-á uma sociedade em que a reflexão de Adorno e Horkheimer não mais será uma realidade tangível.