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Enviada em: 02/06/2019

“A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, assim como as mãos são um atributo do homem”. A frase do filósofo espanhol José Ortega y Gasset evidencia a importância da cultura para o desenvolvimento da sociedade. Todavia, no Brasil, a difusão do acesso à cultura ainda caminha lentamente, fato que se deve, principalmente, ao baixo investimento em cultura por parte do governo federal e, consequentemente, ao baixo interesse, devido principalmente a limitações financeiras, por parte da população mais pobre.  A cultura, em conjunto com a educação, é a principal ferramenta de transformação social de um país. Nesse sentido, dados do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE) revelam que o poder público brasileiro ainda deixa muito a desejar no que tange à disseminação do acesso à cultura. Segundo estudo realizado em 2014, menos de 30% dos municípios brasileiros possuem museus e cerca de 4,7% contam com galerias de arte. Nesse contexto, notamos que as cidades que não possuem estabelecimentos culturais, como teatros e cinemas, são as economicamente mais pobres e que, em tese, necessitariam mais de tais estabelecimentos. Outro fator preocupante é que a insuficiência da oferta de acesso à estabelecimentos culturais torna o ingresso aos poucos existentes cada vez mais oneroso para o público deles. O que resulta na preocupantíssima elitização do acesso à cultura, na qual a população mais carente é praticamente excluída do universo cultural devido a questões puramente financeiras. Ademais, o fenômeno da elitização do acesso à cultura somado às dificuldades cotidianas de sobrevivência básica enfrentadas pela população mais carente - como desemprego, oferta de saúde e educação públicas de baixa qualidade, violência, entre outras - ensejam o desinteresse generalizado dessa população pela cultura, o que reduz ainda mais as chances de melhora das condições de vida dela.  Sendo assim, torna-se claro que o baixo investimento em cultura por parte do governo federal acarreta a redução das chances de ascensão social por parte da população mais carente, o que revela a urgência com que o poder executivo brasileiro deve investir na construção de espaços que objetivem a difusão cultural em comunidades de classes média e baixa, além de buscar investimentos do setor privado, por meio de convênios, para que seja possível garantir o acesso gratuito da população de baixa renda a atividades culturais de diferentes gêneros, e dessa forma retomar o interesse dessas pessoas pelo bem mais valioso que o homem pode adquirir, a cultura.