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Enviada em: 22/06/2019

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta pela democratização do acesso à cultura na sociedade brasileira. Nesse contexto, não há dúvidas de que a disseminação da cultura enfrenta obstáculos tendo em vista a negligência governamental e a elitização do acesso.        De acordo com o filósofo grego Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil, à medida que projetos direcionados a centros culturais já existentes, como também a construção de novos centros em lugares marginalizados são quase inexistentes. Além disso, é notória a carência de políticas que incluem em âmbito educacional, principalmente em instituições públicas, intervenções culturais, como teatro e feiras literárias.        Por conseguinte, a elitização da cultura ainda é um grande impasse para a acessibilidade daqueles que se encontram às margens da sociedade. Infelizmente, existe uma dicotomia entre aqueles que têm mais acesso a bens culturais, por ser detentor de maior poder aquisitivo, e aqueles que possuem dificuldades e limitações de acesso. O renomado geógrafo Milton Santos dizia que uma sociedade alienada é aquela que enxerga o que separa, mas não o que une seus membros, algo que se evidencia na dificuldade de tornar acessível a todos as manifestações culturais.        Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que o Ministério da Educação crie projetos para serem desenvolvidos nas escolas públicas de periferia, como feiras literárias e apresentações teatrais com os alunos. Desse modo, o estudante ao longo da sua jornada escolar passará a enxergar a cultura além de um processo de aprendizagem, mas também na construção do senso crítico e lazer. Ademais, o Ministério da Cultura, em parceria com o Estado, deve investir na ampliação de centros culturais já existentes e na abertura de novos centros em locais que não têm acesso a essa modalidade, também deve estabelecer sessões de cinema com preços mais acessíveis, de filmes em feriados e finais de semana, além de baratear o preço dos livros e dos ingressos de entrada em museus, teatros e galerias. Dessa forma, por meio dessas ações, a cultura se tornará algo disponível a todos, ampliando assim o seu acesso e tornando-a mais democrática.