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Enviada em: 16/09/2019

O Brasil é admirado por sua diversidade cultural e produção artística. No entanto, o que é produzido em solo nacional é inacessível para uma grande parcela da população, segundo o IBGE (2010), as regiões metropolitanas concentram 41% de todo consumo cultural. Em outras palavras, existe um descompasso entre a oferta dos produtos artísticos e o acesso a eles. Além disso, o planejamento central do Estado não é capaz de acompanhar as mudanças observadas na sociedade.      Um dos maiores impasses enfrentados pelos brasileiros no acesso a cultura é a distribuição desigual do patrimônio artístico. Por exemplo, segundo o estudo realizado pelo o IPHAN (2010), enquanto 70% das cidades do Estado do Rio Janeiro declaram possuir exposições de artes plásticas, 72,3% dos municípios brasileiros não apresentam nenhum tipo de exibição. Ou seja, o acesso à cultura pode ser limitado pela concentração da oferta. Por outro lado, a pesquisa realizada pelo Ministério da Cultura em 2013 demonstrou que 75% dos brasileiros ou não frequentam ou nunca foram a um museu. Entre os diversos motivos, destaca-se que muitos dos entrevistados afirmam não se sentir pertencentes à expressão cultural oferecida por eles. Deste modo, a inclusão cultural depende não só da formação de um público consumidor, mas também da redefinição dos valores enraiado.      Ao analisar por uma perspectiva econômica, a possibilidade de vender arte para o mercado permitiu aos artistas serem mais experimentais e desenvolverem seus próprios nichos. A explosão artística da Amsterdam do início do século XVII ocorreu pela emergência de uma classe urbana consumidora de arte. E a diversificação de nichos vemos hoje ocorre porque a capacidade de distribuição e penetração do mercado chegou a patamares impensáveis com a internet. A cultura comercial também nos dá maior acesso a obras do presente e do passado. Não é preciso ir para a Inglaterra para ter acesso à melhor atuação do mundo atual. Basta ir até o cinema mais próximo, ou ver um filme na tela do computador.       Desta forma, a desigualdade cultural pode ser causada tanto pela repartição desigual do patrimônio, quanto pela carência de um público. Portanto, as ações governamentais devem não somente ampliar a oferta de eventos e espaços voltados para atividades culturais, mas também aumentar os estímulos para que os cidadãos os frequentem. Por exemplo, nos Estados, as secretarias da Cultura, em parceira com a mídia local, são capazes de fomentar campanhas de sensibilização para a adesão ao Vale-Cultura — programa de benefício concedido aos trabalhadores, e sua família, para custear serviços culturais, tais como idas aos museus.