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Enviada em: 10/08/2018

Em "Triste fim de Policarpo Quaresma", livro pré-modernista de Lima Barreto, Policarpo, ao final da narrativa, constata que "a pátria que quisera ter era um mito", dado as inúmeras frustrações de seus projetos para o país. Hodiernamente, essa é a descrença de muitos brasileiros diante da desvalorização da ciência no Brasil, consequência direta da falta de investimento estatal em educação. Nesse sentido, o limitado setor de pesquisas científicas corrobora a tendência de subdesenvolvimento nacional e dificulta a permanência de grandes pesquisadores nesse Estado.        Mormente, não existe no Brasil uma cultura de apoio à ciência, seja por parte da população, seja por parte do governo. O orçamento destinado a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) caiu de 10 bilhões em 2010 para 1,4 bilhão em 2018, criando um tendência de dependência internacional. Isso prejudica a economia, haja vista o alto valor agregado na importação dessas tecnologias, as quais poderiam ser desenvolvidas no país, caso houvesse a devida valorização. A posteriori, a infraestrutura e os cidadãos são fatores de segunda análise, estes vêem a pesquisa como algo utópico e distante da realidade, aquela é precária e limitada, prejudicando o trabalho dos pesquisadores. Em suma, esses fatores justificam a permanência do Brasil como "nação em desenvolvimento", dado que as "nações desenvolvidas" investem uma parte significativa das verbas nessa área e possuem inúmeros tecnopolos, o que ratifica as ideias Positivistas de Augusto Comte, nas quais o progresso de uma pátria é guiado pela técnica e pela ciência.       Outrossim, a outrora "Terra de Santa Cruz" funciona como uma "exportadora de cérebros", uma vez que esses talentos não são reconhecidos e, como exposto anteriormente, têm recursos restritos. Tal conjuntura remete, paralelamente, ao Período Colonial, no qual o modelo econômico brasileiro, denominado "plantation", destinava as melhores espécies agrícolas para o mercado externo. Porquanto, esse resquício histórico se instala na área de PD&I, levando os grandes pesquisadores a procurar e receber ofertas europeias, americanas ou japonesas, onde irão trabalhar com uma infraestrutura adequada e moderna.       Diante desse senão, urge intervir nessa mentalidade e nessas práticas. Convém ao Congresso Nacional, mediante o aumento do percentual de investimentos - o qual será possibilitado por uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias -, ampliar o setor de PD&I, por meio da melhora e da modernização dos recursos e da qualificação adequada dos profissionais, com vistas à construção gradativa de um Brasil desenvolvido e de uma sociedade que valoriza a ciência. Desse modo, a teoria Positivista de Augusto Comte será solidificada e os resquícios coloniais serão superados.