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Enviada em: 17/08/2018

Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a desvalorização da ciência, no Brasil, atualmente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática, e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela falta de investimento em pesquisas, seja pelo preconceito sofrido pelo cientista. Nesse sentido, convém analisar as principais consequências das posturas aqui apresentadas.       É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação entejam entre as causas do problema. Segundo o filosofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a falta de investimentos em pesquisas científicas rompe essa harmonia, haja vista que, anualmente, são realizados cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Dessarte, a falta de investimentos na ciência conduz a uma carência na produção de tecnologia, o que leva a uma perpetuação do ciclo econômico atual: exporta-se a matéria-prima, de baixo valor, para comprar o produto manufaturado, de alto valor, dos países que investem em ciência e tecnologia.      Outrossim, destaca-se o preconceito do sofrido pelo cientista como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada a exterioridade, generalidade e coercitividade. Conforme pesquisa promovida pelo MCTI, em 2015, apenas 12,4% dos brasileiros conhecem alguma instituição nacional que se dedica às pesquisas científicas em nosso país. O resultado é coerente com a maioria que afirmou não ter interesse em se manter informado sobre ciência e tecnologia. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que a sociedade ainda desconhece a importância da ciência, principalmente no que tange à pesquisa de base, que não tem aplicação direta e imediata no cotidiano, porém, é essencial para o desenvolvimento do conhecimento que será empregado em outras pesquisas, como, por exemplo, na sintetização de um novo fármaco.       Desta maneira, o Poder Legislativo deve elaborar um projeto de lei que estimule o financiamento privado às pesquisas científicas em Universidades, em troca da desoneração de impostos, promovendo assim uma maior segurança financeira para o desenvolvimento científico. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir, nas escolas, palestras ministradas por mestres e doutores, que discutam a importância da ciência para a humanidade, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da caverna de Platão.