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Enviada em: 08/09/2018

Em setembro de 2018, o Brasil viu queimar um dos maiores legados científicos, históricos e culturais da nação: o Museu Nacional –que guardava projetos e pesquisas de estudantes de todo o país- e incendiou por falta de manutenção adequada. Essa tragédia, porém, foi apenas um dentre os inúmeros resultados do descaso das autoridades no que tange à ciência e à cultura no país. Evidencia-se, portanto, que o desenvolvimento científico intelectual depende diretamente de estímulos e cuidados – financeiros e culturais- por parte da gestão pública brasileira.       Em primeiro plano, é possível destacar dentre as principais causas para o sucateamento da ciência no Brasil a ausência de cultura intelectual no país. Um exemplo disso foi a alta adesão do público brasileiro na literatura parnasianista – que valorizava a forma em detrimento do conteúdo-, enquanto a sociedade rejeitou o simbolismo- escola literária com características opostas. Essa realidade, baseada na aversão ao conhecimento considerado culto, é, infelizmente, tão atual quanto era no século XIX, fator que pode ser atribuído à falta de estímulo escolar e de figuras que sirvam de exemplos. Percebe-se, assim, que enquanto a pesquisa e a curiosidade científica não alcançarem lugar de prestígio no hábito social brasileiro, a popularização e a melhora da ciência serão apenas panoramas utópicos.       Paralelo a isso, é justo atribuir grande parte da responsabilidade pela estagnação científica do país à negligência financeira do Estado. Muitos profissionais e estudantes de potencial admirável acabam não se dedicando à carreira científica devido ao pouco –ou nenhum- investimento estatal na área. Os laboratórios e centros de pesquisa das universidades públicas, por sua vez, não oferecem material adequado e bolsas de manutenção aos profissionais, os quais, na maioria das vezes, precisam custear viagens e registros para seus trabalhos. Desse modo, tal fator faz da ciência uma atividade restrita a quem anteriormente já possuía recursos financeiros disponíveis para investir: a elite.        Impende, pois, que medidas capazes de popularizar a atividade científica e melhorar a qualidade dessa área no país sejam aplicadas com urgência. Compete ao Poder Legislativo a promulgação de uma lei responsável por direcionar investimentos ao setor da educação e pesquisa, por meio da obrigatoriedade de distribuição de verbas de acordo com as necessidades dos órgãos institucionais, a fim de estimular os profissionais a participarem desse setor e, por conseguinte, possibilitar o retorno financeiro e cultural ao país em longo prazo. Assim, será possível promover o desenvolvimento científico no país de forma eficiente e rentável nos cenários nacional e internacional.