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Enviada em: 30/09/2018

A frase de Darcy Ribeiro proferida em um congresso no ano de 1977, “A Crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”, tornou-se um prenúncio dos problemas que o Brasil enfrenaria pela ineficiência, falta de gestão e omissão dos administradores públicos para com a educação e ciência Brasileiras. Diante de atemporalidade da expressão, faz-se necessário pensar quais motivos nos levam, como sociedade, a ter uma das áreas essenciais para seu desenvolvimento, tratada como insignificante despesa pública.        Sob a alegação de falta de verbas, o orçamento da União para o ano de 2019 prevê o corte de valores essenciais para a manutenção de 200.000 bolsas de pesquisa, que sustentam a, já carente, ciência brasileira, segundo o Conselho Superior da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). No entanto, os dados confrontam-se com a aprovação do aumento salarial dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, que passará para 39 mil reais em 2019, escancarando a falácia da falta de verbas, e evidenciando o real problema: desigualdade na distribuição e priorização.       Criada sob a égide de poucas políticas de apoio, e vítima do interesse de iniciativas privadas que dão sinais cada vez mais claros de seu interesse na política privatista, como evidenciado na proposta do Banco Mundial em 2018, a ciência brasileira agoniza e sofre com sua mercantilização. Diante da desigualdade na distribuição de recursos, o número de vagas já disputadas escasseia-se ainda mais, levando não só à desistência de alunos, mas também à fuga de cérebros causada pela falta de estímulo e amparo econômico.        Diante do risco de mergulhar em uma era de obscurantismo científico, a sociedade deve cobrar de seus governantes não apenas a criação de políticas públicas de apoio à ciência, como incentivos através de prêmios, bolsas e estágios, mas uma distribuição mais equiparável de investimentos entre áreas essenciais, diminuindo privilégios, como auxílio moradia e transporte, da classe política já tão abastada. Pesquisas científicas também devem ser protegidas da mercantilização através da modernização e aceleração do processo de patentes, visando garantir a soberania nacional, frente a interesses internacionais. A ciência brasileira também deve ser abordada em campanhas publicitárias, que tenham o objetivo de aproximar o público do meio científico, deixando-o consciente de sua importância e do quanto dela dependemos como sociedade.