A República Federativa do Brasil constitui-se Estado Democrático e de Direito e assegura, por meio da Constituição, o direito ao desenvolvimento nacional. Todavia, o descrédito na ciência e da pesquisa científica no país impede que esse direito seja ratificado na prática, sobretudo pela inércia estatal e a sobreposição do senso comum ao senso crítico pela população, o que configura graves obstáculos para a resolução da problemática. Em primeiro plano, a fluidez e o acesso rápido à informação - verdadeira ou não - dificulta o reconhecimento da ciência. A esse respeito, o conceito da dúvida metódica, instituído pelo filósofo René Descartes, destacou-se como instrumento metodológico cujo meio para se chegar ao conhecimento verídico, firme e seguro era por meio da própria dúvida. Nesse viés, a busca pela verdade se tornou obsoleta na contemporaneidade, a medida que o poder midiático e a proliferação de notícias - muita das vezes falsas- nas redes sociais passa a comandar um conhecimento e acesso informacional contraditório, o que intrica o reconhecimento científico. De outra parte, o atraso governamental em garantir o reconhecimento da ciência corrobora o crescimento do anticienticismo. Nesse contexto, a Lei do Teto de Gastos (Agosto de 2018) garantiu grande contenção no aumento dos gastos, sobretudo do investimento em pesquisas nas universidades - as mais prejudicadas - o que afetou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Dessa forma, o Estado não somente negligencia a ciência como retrocede o desenvolvimento nacional. Destarte, urge a primordialidade de ações governamentais que visem atenuar a problemática. Para isso, cabe ao Ministério Público Federal, em consonância ao Ministério da Educação (MEC), iniciar o trabalho científico desde a educação básica, por laboratórios e palestras pedagógicas com especialistas, de modo a objetivar a formação do senso crítico e a minimizar a desvaloração da ciência, a medida que o direito constitucional não seja negligenciado.