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Enviada em: 23/03/2019

O empirista David Hume defende que qualquer um capaz de remover barreiras e obstáculos da via do saber e da ciência, ou abrir outra perspectiva, deve ser considerado um benfeitor da humanidade. Entretanto, no Brasil, o caminho oposto vem sendo cultivado e apresentado: o esquecimento e esfacelamento da ciência, o que suscita um discussão acerca de suas consequências para a sociedade. Acerca dessa desvalorização generalizada do saber científico, torna-se vital lutar para combatê-la no país, seja pelas consequências sociais, seja pelo histórico cultural acerca do tema.       Quanto ao primeiro ponto, é importante salientar que a ausência da ciência promove o crescimento de problemáticas sociais no âmbito da saúde e do bem-estar. Para elucidar essa questão é importante observar o crescimento estatístico da recorrências de doenças antes consideradas erradicadas, que voltaram a tona a partir de práticas de não-vacinação. Deste modo, a renegação do saber científico visto no crescimento de movimentos de não vacinação está atrelado a volta de doenças como o sarampo, causando danos à comunidade e ao país. Portanto, é claro o caráter efetivo e preventivo que a ciência representa à sociedade e sua valorização emerge quando a preocupação com a vida toma lugar em discussões públicas, sendo a essência da ciência indissociável do bem-estar humano.       Já em relação ao segundo ponto, é válido mencionar que o Brasil apresenta uma característica de cunho cultural de submissão ao conhecimento e às tendências advindas de países desenvolvidos, o que acaba por acarretar uma perda no potencial de criação de uma ciência verdadeiramente nacional. A respeito disso, o sociólogo brasileiro Jessé Souza, elabora uma tese criticando essa verticalização do saber e dedica sua obra a provar como o brasileiro é capaz de fundamentar suas próprias bases culturais, científicas e políticas. Visto isso, aceitar com a desvalorização científica é aceitar a submissão e condenar a sociedade brasileira a um papel coadjuvante nas discussões acadêmicas mundiais, o que desmobiliza e enfraquece o país.       A par do que foi exposto, cabe finalizar refletindo em medidas capazes de reverter a crise da ciência no país. No tocante a isso, é dever do Governo Federal na figura do Ministério de Ciência e Tecnologia, fomentar o cenário científico ao ampliar o investimento em desenvolvimento de programas e projetos científicos. Isso pode ser feito por meio de financiamento estudantil para programas de pós-graduação, doutorado e pós-doutorado, investimento em projetos de amplas frentes e a interiorização da ciência e tecnologia, levando o saber para o interior do país por meio do ensino técnico e superior. Tudo com o objetivo de alicerçar o fazer científico e ampliar a expressividade do país frente às discussões internacionais, revelando o caráter de benfeitor da humanidade ao abrir novos caminhos à ciência.