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Enviada em: 26/03/2018

O descompromisso estatal para com a ciência brasileira tem sido tema de debates pertinentes na sociedade. Não podia ser diferente: a desvalorização científica é produto de políticas governamentais que, em nossa história, jamais deram a assistência necessária para fazer o país desenvolver-se às bases do conhecimento. Tal fato pôs o Brasil em um patamar de inferioridade em relação a outros países, quando deveria, em razão de ser a nona potência mundial, ombrear com nações desenvolvidas.  De acordo com o pensamento do empresário estadunidense Henry Ford, pensar é o trabalho mais difícil que existe. Esse postulado, no entanto, vai de encontro ao ideal pregado pela sociedade brasileira, uma vez que pensar exige tempo e capacidade intelectual, duas frentes que o Estado tem deixado de lado desde sua gênese. Algo que está presente, por exemplo, na obra “Raízes do Brasil”, em que Sergio Buarque expõe o estilo do brasileiro, que vai em busca da riqueza a curto prazo, além de sempre querer colher os frutos antes mesmo de plantar a árvore. Essa impaciência é refletida na contemporaneidade e revela uma das faces mais perversas do país: a incompreensão de que o conhecimento seja sinônimo de progresso. Por esses e outros motivos preponderou-se o corte de verbas no setor técnico-científico, em assombrosas reduções que ultrapassam os 40%, segundo levantamentos de pesquisas da USP.    Diante desse contexto é fundamental estabelecer comparativos para que se possa compreender, de fato, os prejuízos que tais ações governamentais trarão no futuro. Nesse sentido, é válido mencionar os investimentos estadunidenses nos tecnopolos – grandes centros científicos de pesquisa e tecnologia – os quais deram início a uma nova ótica capitalista, em que predomina o conhecimento como fonte para produção de riquezas e desenvolvimento do país. Além disso, esses epicentros da tecnologia mundial sabem difundir o conhecimento científico, algo que também se constitui como uma lacuna no Brasil, visto que poucos cidadãos conseguem apreciar as inovações e, consequentemente, terem bases para formular um pensamento crítico a respeito das decisões estatais nesse setor.   Urge, portanto, que a sociedade e instituições públicas cooperem para difundir a ideia de que a ciência não é um gasto, mas sim um investimento. Sendo assim, cabe ao cidadão mais consciente a iniciativa de engajar-se em projetos para mobilizações, sendo elas virtuais ou reunindo grandes massas nas ruas, a fim suscitar a iniciativa pública e privada para captar investimentos na área mais importante de aplicabilidade do conhecimento. É imperativo, ainda, que o Estado promova parceria com meios midiáticos e com pessoas capacitadas para transpor a todo o público as ações da ciência na esfera social. Assim, poder-se-á, o Brasil, criar um legado de progresso jamais visto.