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Enviada em: 26/10/2017

Em um momento em que os índices de violência apontam sempre para cima, é natural que o número de presidiários siga a mesma direção. Dessa forma, as penitenciárias ficam cada vez mais lotadas e o sistema carcerário cada vez mais falho. O ambiente criado para a ressocialização de pessoas que cometeram crimes perante a sociedade acaba por retirar, juntamente com a liberdade, todos os outros direitos humanos do sujeito. Assim, ao cumprir a pena, não é de se espantar que os detentos se deparem apenas com portas fechadas e retornem a comunidade com o mesmo pensamento anterior, carregado de ódio. Afinal, se não for oferecido nenhuma oportunidade de aprendizado ou mudança, a cela torna-se uma mera privação de direitos.    Uma importante questão dessa problemática é como o restante dos cidadãos lida com ela. Em um cenário recheado de mentes fechadas que apoiam o errôneo discurso de que "bandido bom é bandido morto", muitas pessoas acreditam que fornecer educação à "marginais" é inútil e que, embora fira os direitos básicos do homem, as cadeias devam ser basicamente um local de repreensão e castigos. Entretanto, ela não foi criada com essa finalidade, mas sim com a promessa de recolocar os ex-presidiários no meio social com uma nova forma de vida.    Ademais, existe ainda um obstáculo complicado no caminho: a estrutura e o fator financeiro. Com frequentes superlotações, pouquíssimos presídios apresentam salas de aula e recursos para contratar profissionais do ensino básico ou profissionalizante. O que faz do lugar uma construção que tenta incansavelmente colocar o máximo de pessoas no menor lugar possível. E coloca em segundo plano, talvez até em último, a ideia defendida pelo educador Paulo Freire de que plantar a semente da educação é, mais tarde, colher os frutos da cidadania.