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Enviada em: 04/02/2018

Educação Para Quem Quer       A utopia da educação como solução de ressocialização de detentos é constantemente questionada. Na missão de ressocializar o infrator da lei, a educação carcerária surge como possível solução, já que supostamente ajudaria o indivíduo a se recolocar tanto socialmente, como no mercado de trabalho. Dentre os principais fatores que fazem com que o método da educação para detentos seja ineficaz, merecem ressalva: os fatores psicológicos que levam a pessoa a agir de modo criminoso, bem como baixa correlação entre educação escolar e uma maior facilidade de interação social para um ex-detento.       Os estudos contidos nas brilhantes obras dos psicólogos norte-americanos Dan Ariely e Paul Bloom, A Mais Pura Verdade Sobre a Desonestidade e O Que Nos Faz Bons ou Maus, tornam evidente que fornecer educação para presidiários com o intuito ressocializa-los, é ineficiente. Os autores por meio de experimentos e análises longitudinais realizados com mais de 40 mil pessoas das mais diversas idades e classes sociais, revelam que os humanos são por natureza inclinados à desonestidade, sempre visando ganhar mais fazendo menos. Entretanto, os principais fatores que definirão se o indivíduo chegará a agir contra a lei, em prol de sua ambição inerente, são: seu fundo familiar na infância, a sociedade em que se está inserido, seu senso moral inato e as pessoas que o rodeiam. Portanto, enquanto conviverem apenas com criminosos e serem tratados como escória da sociedade, nem a melhor educação carcerária poderá ressocializa-los.       Somado a isso, é importante lembrar que toda sociedade age de forma preconceituosa para com ex-presidiários, independente de formação escolar. Vale ressaltar que as chances de uma pessoa que já cometeu algum tipo de transgressão ser contratada é ínfima, já que mesmo as pessoas com a "ficha limpa" encontram grandes dificuldades em se recolocar no mercado de trabalho. Por outro lado, 86% dos presidiários dizem que gostariam de receber educação, esse dado não deve ser visto como uma demonstração de interesse em ressocializar-se, pelo fato de 80% dos detentos que são libertos ao invés de buscarem educação, voltam a cometer crimes. Grande parte do "interesse" em receber ensino, talvez esteja fato de que a lei prevê a redução da pena do presidiário que estuda.       Logo, torna-se evidente que fatores psicológicos e sociais impedem que a educação penitenciária seja eficaz. Portanto, para se obter resultados profícuos, é preciso que o governo federal invista mais fortemente na educação de base, para que assim todos possam ter oportunidades de receber uma boa educação na infância. Também se faz necessário que os governos municipais e institutos educacionais promovam atividades que permitam uma maior inclusão social das classes sociais mais baixas.