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Enviada em: 18/03/2018

"A chave para a liberdade é a educação". Essa célebre frase foi proferida durante o regime de apartheid na África do Sul pelo ativista Steve Biko. Tal pronunciamento levanta a reflexão sobre o papel do saber na vida dos indivíduos, promovendo a noção do nível de importância dessa prática para a modificação da visão de mundo de cada ser humano. Percebe-se, contudo, que essa "alforria" é inexplorada em áreas de fundamental atenção, como os presídios, uma vez que fatores políticos e socioculturais impedem a concretização do conhecimento como forma de ressocialização.    É importante pontuar, em primeiro lugar, as condições dos detentos nas penitenciárias brasileiras como um obstáculo à educação. Atualmente, o sistema de segurança do país é caracterizado por possuir uma elevado número de aprisionados em todos os anos. Apesar de transmitir a impressão de eficiência da justiça nacional, esse fato mascara problemas graves nesses locais de privação da liberdade. Ao lançar um olhar atento ao cárcere brasileiro, nota-se as grandes lotações existentes, a falta de infraestrutura e a inexistência de condições básicas ao prisioneiro. Nesse contexto, a implementação do ensino como forma de ressocialização torna-se distante mediante tais fragilidades estruturais.    Cabe avaliar, por outro lado, que esse cenário reflete um pensamento cultural, presente em grande parcela da sociedade, sobre o detento no Brasil. Sentindo-se insegura diante dos altos índices de violência, a população retoma um sentimento extremo quanto a figura do criminoso, chegando até mesmo infringir os direitos humanos básicos de cada indivíduo. Dessa forma, reproduções como "bandido bom é bandido morto" se tornam mais frequentes, aumentando a popularidade de políticos ultradireitistas, os quais aquecem cada vez mais o ódio da sociedade contra o prisioneiro no Brasil. Reafirmando, assim, um quadro futuro de dificuldades à promoção do conhecimento capaz de reinserir essas pessoas ao meio social.    Fica claro, portanto, que apesar da importância da educação para a ressocialização, empecilhos tornam esse recurso uma utopia. Logo, ativistas dos direitos humanos devem pressionar o poder público, para que este promova investimentos nos presídios brasileiros, a fim de reduzir as lotações desses locais. Além disso, a mídia, por meio de ficções engajadas e da publicidade, deve buscar alterar a opinião da sociedade sobre a promoção do conhecimento dentro das penitenciárias, com o intuito de direcionar o apoio popular a essa causa. Sendo assim, a liberdade idealizada por Biko será efetivada em esferas antes inimagináveis.