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Enviada em: 26/04/2018

Nos anos 60, o educador Paulo Freire criou um sistema de alfabetização direcionado ao público adulto para combater as altíssimas taxas de analfabetismo no Nordeste brasileiro. Tal ação contribuiu para que os cidadãos aprendessem a relação entre a palavra e o seu significado em um determinado contexto e, assim, refletissem sobre o seu uso linguístico. Neste sentido, nota-se que a educação é uma forte ferramenta de transformação social, mas seu valor não tem sido reconhecido na contemporaneidade.           É sabido, em primeiro lugar, que a escola é um importante espaço de interação. Isso significa que os conhecimentos transmitidos em sala de aula ultrapassam os conteúdos disciplinares; os debates em classe, intermediados pelo professor, podem estimular o estudante a refletir sobre a sua atuação em sociedade. Por conseguinte, se temas como “o culto ao corpo” forem discutidos em classe a fim de desnaturalizar padrões de beleza, por exemplo, a escola também cumprirá com a função de combater estereótipos e incitar o senso crítico dos alunos. Porém, a profissão docente é desvalorizada, desmotivando-os a elaborarem novos métodos de ensino.           Além disso, os cortes públicos na educação prejudicam o poder transformador dessas instituições. Em 2016, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 propôs o congelamento de gastos na área educacional por vinte anos, sendo que escolas e universidades públicas sofrem, há décadas, com a falta de verbas e o sucateamento estrutural. Essas restrições afetam não só a qualidade e o alcance ao ensino, como também, atingem diretamente as camadas mais pobres, pois os investimentos são uma das principais engrenagens para diminuir a desigualdade social brasileira. Nesta perspectiva, vê-se a urgência de alteração do cenário vigente.           Faz-se preciso, portanto, a valorização do ensino a fim de promover mudanças sociais. Para isso, o governo deve investir no reconhecimento dos professores, aumentando o seu salário e, junto ao Ministério de Educação, oferecer novos cursos a fim de ampliar sua qualificação profissional. Ademais, é imprescindível a participação popular para cobrar uma atuação mais democrática das reformas sociopolíticas, visto que os investimentos na educação são necessários para oferecer um ensino de qualidade, que é um direito assegurado pela Constituição de 1988. Só assim, a educação potencializará os indivíduos a exercerem a sua cidadania e prezarem pelo bem-estar social.