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Enviada em: 19/06/2018

A partir da Idade Média - quando são criadas as instituições educadoras formais - o saber, restrito a uma minoria, tornou-se meio de afirmação social e dominação sutil. Ainda na atualidade, inúmeras barreiras impedem a concretização plena do processo de ensino, embora sua relevância para o crescimento grupal seja indiscutível. Assim, urge explicitar os âmbitos social e comportamental que influem na problemática, para que, compreendendo-os, seja possível potencializar a esfera transformadora do conhecimento.     Em primeiro lugar, convém destacar a participação escolar na construção do senso crítico. De acordo com Paulo Freire, a educação deve ser produto de participação coletiva, na qual o incentivo ao questionamento conduza o discente à libertação de amarras opressoras que limitam sua visão de mundo. Nessa perspectiva, a valorização de experiências pessoais, bem como a busca constante por autonomia na interpretação dos fatos, são premissas fundamentais para o crescimento humano. Só assim, o indivíduo, atuante e protagonista de sua vida, pode desvelar obscuridades acerca de contextos nos quais está inserido.    Ademais, é importante considerar o intercâmbio humanístico praticado no decorrer do ensino-aprendizagem. Na seara antropológica, o mecanismo de socialização secundária, representado pela convivência escolar, é imprescindível para a formação de concepções valorativas. Nesse ínterim, propiciar contato com o diverso em tão essencial momento é salutar para o fomento da capacidade empática e para a dissolução de noções pré-concebidas. Mudanças sociais efetivas, nesse sentido, são produto de trocas capazes de enriquecer todos os envolvidos.     Torna-se evidente, portanto, a necessidade de discutir mais profundamente a condição revolucionária que assume a educação. Faz-se imperioso que, no sentido de fortalecer estruturas empoderadoras e participativas, toda a comunidade escolar seja congregada em torno de políticas pedagógicas. Nesse sentido, cabe instituir a disciplina de Antropologia na grade regular, de modo que haja, semanalmente, espaços para discussões desse nível. Em tais oportunidades devem ser proporcionados estudos teóricos, manifestações e amostras culturais que ressaltem a multiplicidade e o papel de cada organismo cidadão em meio público. Ainda, instigar debates, respeitando a livre criação do aluno, é boa maneira de lhe conferir centralidade na estruturação do saber. Dessarte, pela propositura freiriana, será tangível respeitar ao máximo o sentido etimológico de educar: tornar elevado.