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Enviada em: 23/08/2018

Na Mitologia Grega existe um deus chamado Sísifo, que por contrariar Zeus foi condenado à empurrar uma pesada rocha até o cume de uma montanha, ação sempre sofrível, visto que chegando às proximidades do ápice, a pedra despencava ao local de partida, obrigando-o a repetir continuamente a mesma atividade. Em analogia, a educação brasileira é o daguerreótipo dessa pedra com a qual alguns conseguem alçar maiores altitudes, enquanto outros são esmagados, antes de alcançarem a metade do caminho. Logo, equiparar esses dois indivíduos é o principal desafio a ser enfrentado.        Doravante, são inúmeras as necessidades de melhorias no sistema educacional do país, partindo desde a reestruturação da BNCC (Base Nacional Curricular Comum), pela atualização do conteúdo programático nas escolas, assim como pela promoção de melhores salários aos educadores, garantindo-lhes a devida importância como construtores sociais dos indivíduos. Consoante a isso, o dispêndio de ações que garantam a frequência escolar dos alunos é medida fundamental, quando muitos são forçados ao abandono da instituição educacional, devido à hipossuficiência econômica, que os obriga a adentrar ao mercado de trabalho sob métodos ilegais, ou, em última instância, ao narcotráfico, como complementação financeira familiar.      Ainda como agravante desses processos está a estruturação do ensino que se baseia na meritocracia e na ascensão social, pelos quais a escola é tida como via de sobreposição intelectual à outrem e não como propulsora do conhecimento. Logo, o aluno é formado sob os moldes da competitividade, onde os papeis da educação e da hierarquia confundem-se. Portanto, a evasão escolar é justificada por essa sistematização cíclica, que promove benefícios àqueles com melhores condições socioeconômicas e, em contrapartida, obriga a maioria, tal qual Sísifo, a empurrar as pedras da fome, da pobreza, da falta de moradia e estruturação familiar. Porque são punidos?      Primeiramente, as raízes monárquicas do preconceito e do "terciro-mundismo" são arraigadas culturalmente no Brasil, onde as fronteiras de poder permanecem instituídas por meio da segregação social. Em vista disso, a retomada de programas que visem à equiparação social, tais como o Bolsa Família e o Pronatec, é essencial para manter o aluno na escola e para possibilitar sua posterior inserção no mercado de trabalho. Consoante a isso, a atual proposta da BNCC, acirradora da polarização educacional, deve ser revogada em prol de uma reformulação que se paute na equidade das disciplinas escolares, com a inserção da educação política e do reforço no ensino dos direitos humanos. Como consequência disso, representantes que se aliem à causa dos professores, começarão a surgir, efetivamente, no Brasil - o país da esperança equilibrista, tal qual o retratou Elis Regina.