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Enviada em: 22/03/2019

A Campanha da Fraternidade, movimento realizado pela Igreja Católica desde 1962, busca trazer à tona, anualmente, temas que precisam ser debatidos e refletidos. O tema de 2015, “Fraternidade: Igreja e Sociedade” , tem como discussão a importância da escola nas mudanças de que o mundo precisa. Tal destaque dado pela campanha evidencia a necessidade de integrar a educação nessas transformações, relação que, apesar de fundamental, não é tão expressiva na atualidade. Em primeiro lugar, é preciso entender o real valor das instituições de ensino e como elas podem ajudar a resolver problemas do nosso tempo.        Em um contexto de desigualdade, discriminação e crescimento da violência, começar mudanças pela escola não é só importante, mas essencial. Em Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire importante educador e filósofo, já confirmou essa relevância quando afirmou que sem a educação a sociedade não muda. Entretanto, é fácil perceber que essa importância não é tão conhecida e essa função da instituição é deixada de lado no nosso país, segundo dados do Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido em 2014 e que orienta, metas e estratégias para política educacional até 2024. Metas intermediárias importantes como elevação da taxa de alfabetismo para mais de 93,5% e a universalização do atendimento escolar para a população de 15 a 17 anos, não foram cumpridas.       Apesar de apontamento como crucial por Freire, tal papel de ensino não é prioridade hoje. A era dos concursos, dos vestibulares, da valorização do ensino superior chegou às escola, e tudo o que é dado em sala tem apenas um objetivo: a aprovação. Campanhas de alimentos, visitas às instituições e discussões focadas em direitos humanos não estão mais na agenda de aulas, isso é o que diz Instituto Estadual de Educação "DR. Caetano Munhoz da Rocha". Se não há incentivo a essas atividades, não há por que entender o valor do meio nas transformações sociais. As mudanças, então, não devem começar só pelas causas, mas também pela própria necessidade de se entender essa importância.        Fica claro, portanto, que, apesar de crucial, o papel da transformação da educação não tem sido aproveitado no Brasil, sendo necessário não só entender essa relevância, mas também encontrar nas instituições ferramentas para essas ações. Nesse sentido, o Governo e a mídia podem trabalhar difundindo valores. Campanhas cobrando essa ação por parte da escola precisam ser divulgadas, evidenciadas nos meios de comunicação. Além disso, ONGs e a própria família, em conjunto, devem exigir o retorno de trabalhos sociais, de forma que, pouco a pouco, a frase de Paulo Freire realmente faça sentido e a Campanha da Fraternidade saia do cartaz, da própria igreja e alcance todo o mundo.