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Enviada em: 30/05/2019

Em 2015, as manifestações estudantis, antes centralizadas em São Paulo, espalharam-se por todo o país, denunciando a corrupção nas escolas e pressionando o poder público para investigar os desvios de verbas da merenda, por conta disso, uma CPI foi criada, em 2016, e indiciou nove pessoas por envolvimento no crime. Dessa forma, é perceptível que quando a educação cria um senso crítico nos estudantes, ela é capaz de mobilizar a luta contra sistemas de decadência moral, entretanto, para que isso ocorra, é preciso acontecer uma reestruturação do sistema escolar brasileiro.     Outrossim, essa reavaliação da estrutura do sistema foi preconizada pelo sociólogo Pierre Bourdieu, pois, na sua teoria a escola era um sistema que servia apenas como transmissor do conhecimento, ou seja, a base para a continuação da dominação de um grupo sobre o outro. Por outro lado, Max Weber afirmava que o indivíduo muda a sociedade, por isso, ao colocar as duas teorias em evidência deve-se analisar o ponto de intersecção entre elas, isto é, a escola participa ativamente do processo de socialização, por esse motivo, ela deve ser capaz de incutir no discente um pensamento autônomo, que o levaria a questionar a hierarquização social e outras problemáticas de forma crítica e racional. A saber, crianças de Jharkhand, na Índia, estão recebendo educação formal, preparando-se para serem porta-vozes de denúncia contra o trabalho infantil nas minas de Mica, perto de onde moram.     Por outro lado, seguindo o pensamento de Paulo Freire, educador brasileiro, de que "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda", as denúncias de Malala Yousafzai - paquistanesa que lutou pelo direito das meninas estudarem - e Isadora Faber - brasileira que criou um diário virtual relatando os problemas da escola pública - podem não ter modificado toda estrutura educacional de seus países, mas emanciparam e inspiraram outros jovens a seguirem seus passos. Dessa forma, a educação é um veículo de transformações sociais, e precisa ser disponibilizada da maneira certa, formalizando estudantes na defesa de seus direitos e questionamentos do mundo ao seu redor.    É imprescindível, portanto, a atuação do Governo Federal, com a parceria do Ministério da Educação, na reformulação do sistema escolar, oferecendo uma formação continuada para os docentes, na qual, seria estudado outros métodos de ensino que trabalhem com a autonomia do discente, para que seja desenvolvido um senso crítico nos estudantes. É necessário, que seja incrementado nas escolas, desde a educação básica, oficinas criativas, palestras, debates, simulações ONU - na qual alunos treinam mediações entre países para melhorar sua oratória, argumentos e empatia - e atividades junto a comunidade, prevendo, assim, o fortalecimento de agentes transformadores da realidade.