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Enviada em: 16/10/2017

Em oposição aos paradigmas de simplificação da realidade, o teórico francês Edgar Morin defende que os fenômenos sociais devem ser analisados sob a óptica do "pensamento complexo", cujo propósito consiste em interpretá-los holisticamente e com maior atenção aos seu diversos sentidos. A partir desse olhar, é possível realizar uma reflexão mais ampla sobre a educação como veículo de mudança na sociedade. Entretanto, pode-se avaliar que, no Brasil, esse processo é dificultado em razão de uma relação complexa entre a falta de investimentos públicos e fatores sociais. Nesse contexto, é pertinente destacar, a princípio, que a educação é muito importante para o progresso do país, haja vista que, segundo Paulo Freire, esse é um instrumento capaz de transformar os indivíduos e, consequentemente, toda a sociedade. Convém, assim, lembrar que o Japão, por exemplo, mesmo devastado após a Segunda Guerra Mundial, conseguiu se tornar uma grande potência por meio de investimentos significativos nessa área. Contudo, no Brasil, essa lógica não é reproduzida, pois os governantes se limitam a investir apenas os valores mínimos previstos em lei, que são insuficientes. Em função disso, perpetuam-se problemas já identificados, como a desvalorização dos professores e a superlotação das salas de aula. Em face a esse cenário, não se pode ignorar que tal realidade também apresenta forte relação com aspectos sociais, que contribuem para o agravamento do problema. Nesse sentido, vale ressaltar que, de acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, o imediatismo é uma das principais características da "modernidade líquida". Desse modo, verifica-se que, no país, métodos de ensino estáticos e obsoletos, como aulas meramente expositivas e massificantes, não são mais capazes de despertar o interesse dos alunos, que são sujeitos ativos de um mundo mais dinâmico e interativo. Logo, percebe-se que é preciso haver uma renovação do sistema educacional brasileiro. Frente ao exposto, portanto, fazem-se necessárias intervenções que maximizem o potencial transformador da educação no Brasil. Assim, cabe ao Congresso Nacional, mediante consulta popular prévia, definir o aumento de recursos destinados a esse setor, para possibilitar sua renovação. Ademais, é indispensável que o Ministério da Educação estabeleça, em parceria com representantes das escolas, dos professores e da sociedade, um novo currículo, bem como a modernização das estratégias de ensino e aprendizagem, de acordo com os interesses sociais contemporâneos. Com essas medidas, então, espera-se por transformações significativas no que tange a esssa realidade, que se revela verdadeiramente complexa, conforme o pensamento de Morin.