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Enviada em: 18/07/2018

Durante o regime militar brasileiro, período de grande repressão e violação dos direitos básicos dos cidadãos, a União Nacional dos Estudantes encarregou-se de protestar e manifestar-se contra os abusos de autoridade do Estado. Com base na análise historiográfica dessa conjuntura, é possível perceber a contundente força dos jovens no que tange ao âmbito social. Tal força, no século XXI, é de suma importância para a desconstrução de estereótipos naturalizados culturalmente, apesar de enfrentar diversos entraves. Dentre esses, destaca-se o desamparo educacional para uma efetiva participação jovem na esfera pública.          De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, a sociedade incorpora, naturaliza e reproduz as estruturas sociais que são impostas à sua realidade. Sendo assim, questões como racismo, homofobia e machismo estão enraizadas de tal forma que alimentam estereótipos herdados, como o padrão do corpo da mulher. A partir do século XX, com o surgimentos das propagandas televisivas, ascendeu-se a objetificação da mulher e a cobrança feminina para encaixar-se nos moldes socialmente definidos: magra, de cabelos lisos e sem estrias ou celulites. Nessa conjuntura caótica, a geração atual, portanto, possui a força necessária para desconstruir ideias reproduzidas, o que percebe-se através da youtuber Kefera, de 25 anos, que influencia milhares de jovens a se desconstruírem e se amarem diariamente.             Por sua vez, é perceptível que a atual crise econômica e política que assola o país fomenta a desesperança e o radicalismo, o que afeta, sobretudo, os vulneráveis jovens das periferias. Sendo assim, segundo o filósofo Arthur Schopenhauer, o indivíduo limita o mundo de acordo com os seus próprios limites. Tal raciocínio embasa o fenômeno comumente ocorrido na sociedade: os jovens desfavorecidos, submetidos ao desamparo educacional e desprovidos de acesso à informação, vêem-se desqualificados para a participação em quaisquer âmbitos sociais. Dessa forma, alimenta-se o ciclo da violência e afasta os jovens do envolvimento na esfera pública.             Infere-se, portanto, que a problemática apresentada precisa ser solucionada. Assim, a mídia deve elucidar as figuras públicas jovens engajadas em movimentos sociais de desconstrução - sobretudo racismo, homofobia e machismo -, através de campanhas e anúncios televisivos, a fim de fortalecer a juventude e incentivá-los a questionar os padrões sociais. Ademais, o MEC, em parceria com o Ministério da Cultura, deve trabalhar arduamente em periferias por meio de projetos como aulões sobre a construção social brasileira, bem como reformas na estrutura educacional das escolas locais, a fim de ampliar os limites de mundo dos jovens e qualificá-los para a participação na esfera pública. Dessa forma, o poderio social jovem no país será fortalecido.