Materiais:
Enviada em: 30/10/2018

Antes de cometer suicídio, ao ingerir barbitúricos, em meados do século XX, o escritor austríaco Stefan Zweig deixou uma declaração agradecendo ao Brasil por ter lhe acolhido tão bem. Radicou-se aqui devido à perseguição nazista na Europa. Fascinado com a nova casa, Zweig redigiu uma obra cujo título ufanista ainda reverbera: "Brasil, país do futuro". No entanto, quando analisada a atual falta de função do jovem na sociedade brasileira, conclui-se que sua visão não se concretizou. Nesse âmbito, dois aspectos são preponderantes: a falta de participação na política e a má qualidade da educação.       Em primeiro lugar, é essencial que a juventude exerça sua cidadania ao pleitear cargos públicos. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 é falha, uma vez que exige que idade mínima demasiadamente elevada para comandar o Poder Executivo e também para ser senador, uma vez que a lei diz que é necessário ter ao menos 35 anos para ocupar essas posições. Desta forma, os mais jovens são excluídos e desincentivados a participar ativamente do processo democrático, o que ficou evidenciado pelo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, nas Eleições Gerais de 2018, já que a média de vida dos candidatos foi de quase 5 décadas, mostrando que carece de pessoas mais novas não só para a renovação, mas também para defender os interesses da mocidade.       Além disso, sem um sistema educacional bem estruturado, pouco poderá se fazer para formar uma geração mais consciente que a anterior. Dessa forma, o filósofo grego da Antiguidade Pitágoras foi bem categórico ao apontar a necessidade de se instruir a juventude quando disse "eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens". Diante do exposto, conclui-se que ao não se prover uma boa educação à juventude, não só os benefícios diretos da instrução formal, como desenvolvimento científico e tecnológico, serão impossíveis de ser alcançados, mas também impossibilitará-se a formação de uma sociedade mais lúcida no que tange às relações interpessoais, isto é, as pessoas continuarão sem entender a necessidade do próximo em suas vidas e o respeito para com ele.       Destarte, visando solucionar a falta de função do jovem no século XXI, cabe ao Poder Legislativo, a proposição de se reduzir e unificar a idade mínima para pleitear a cargos políticos em 21 anos, para que seja possível que a juventude exerça seu papel cívico e seja politicamente representada. Ademais, faz-se necessário que o Ministério da Educação, não só melhore o financiamento da pasta junto ao governo federal, mas também que em conjunto com a sociedade civil, formule uma disciplina, a ser inserida no currículo escolar, em que se promova a habilidade de se trabalhar em equipe para resolver problemas de larga escala, a fim de que aprendam a deixar as diferenças de lado e cooperem em prol do progresso da sociedade.