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Enviada em: 26/08/2019

Contrastando com o perfil visionário e engajado dos jovens de décadas atrás, os quais iam às ruas buscando por mudanças, como observado durante a ditadura militar no Brasil, em que as "Diretas Já!" e a “Passeata dos 100 mil” configuraram-se como as mais importantes afrontas ao regime da época, o jovem do século XXI é visto como apático e desacreditado, imerso apenas nas novas tecnologias, sem muita bagagem cultural e política.  Esse panorama é construído, sobretudo, a partir do insuficiente estímulo familiar e educacional oferecido à atual geração, desde a fase pueril, para que demonstre suas potencialidades e reconheça o seu papel relevante na sociedade, além de uma ainda modesta receptividade de muitas instituições a ideais que propaguem a essência das funções do jovem atual.  Nesse contexto, apesar de intrínsecas a esse segmento social, características como vivacidade e ânsia por transformações e pelo novo são atributos que não definem por completo a juventude hodierna, a qual transparece uma feição mais adormecida e desacreditada, construída a partir do novo perfil parental da sociedade contemporânea, em que, segundo pesquisas recentes veiculadas no site OGLOBO, a falta de atenção e diálogo na dinâmica familiar contribui para a construção de filhos inseguros e com perspectivas frágeis para o futuro.  Isso dilata o caráter de isolamento dos jovens modernos, os quais buscam, em grande maioria, refúgio no âmbito digital, o que dificulta para muitos o encontro do seu verdadeiro potencial a ser exercido na sociedade, dada essa passividade estrutural. Ademais, segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Nessa perspectiva, são muitos os centros educativos que sobrepõem o aprendizado científico e absorto a atividades que envolvam introspecção e práticas rotineiras de envolvimento cidadão, as quais auxiliem os discentes, desde a mais terna idade, a questionar sobre o que norteia a sua vivência cultural e política e seus direitos perante o Estado.  Desse modo, com um modelo educacional mecanizado, alfabetiza-se uma legião de indivíduos desprovidos de criticidade e de pouco interesse em assuntos sociais, fator que compromete o bem-estar das sociedades futuras. Portanto, a fim de obliterar a perpetuação de posturas que atrapalham a completa expressão do potencial dos jovens do século XXI, é fundamental que as escolas visem a romper com a formação acadêmica essencialmente científica, incluindo debates e palestras periódicas que abordem temáticas sociais, políticas e culturais, as quais devem instigar os alunos a refletir e manterem-se atualizados acerca do mundo que os envolve, com o fito de formar indivíduos pensantes e participativos. Além disso, é fulcral que os pais dialoguem de modo mais consistente e corriqueiro com seus filhos, estando abertos a ouvir os planos desses indivíduos, a fim de incentivar a exteriorização de suas capacidades.