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Enviada em: 19/05/2018

O filme "Vênus Negra" retrata a história da sul-africana Saartjie Baartman, a qual foi levada à Europa para apresentar-se em espetáculos circenses como selvagem, demonstrando sua ausência de civilidade. Paralelamente à crítica do etnocentrismo presente na obra, nota-se que, com o passado brasileiro demarcado pela opressão étnica, o racismo, gerador de violência, ódio e exclusão social, tornou-se um fator cultural de alta prevalência no país e, por isso, deve ser urgentemente combatido. Sendo assim, tanto a falta de representatividade negra e a ineficiência legislativa quanto a perpetuação da falácia do Darwinismo Social são obstáculos para  a efetivação da democracia racial.      Sob esse viés, o vídeo "Vista a minha pele" faz uma paródia sobre como o preconceito racial é encontrado no Brasil, porém inverte a ordem da história, isto é, nele, os negros aparecem como classe dominante e brancos como escravizados. Nessa perspectiva, é possível afirmar que o racismo estabelece papéis que os diferentes grupos têm de exercer na sociedade. Dessa forma, a ínfima presença de negros no Parlamento, representam 10% do total de deputados federais, demonstra um contrassenso, em que a minoria passa a resolver os problemas da maioria. Assim, hoje, apesar de haver a promoção de ações afirmativas, elas não combatem efetivamente a herança histórica da escravidão e da segregação racial.       Para além disso, historicamente, houve a negação da cultura, religião e identidade do negro para contestar sua humanidade. Nessa lógica, Denys Cuche afirma: "A natureza, no homem, é inteiramente interpretada pela cultura". Por tal visão, percebe-se que a comunidade negra se vê refém da indústria cultural, visto que essa impõe um padrão eurocêntrico de beleza e comportamento, disseminando-o pela mídia. Com isso, desde a infância, o indivíduo adquire percepção da distinção racial e recebe ferramentas para uma formação racista.      Faz-se necessário, portanto, que a SEPPIR (Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) promova mecanismos de equidade representativa nos setores sociais, em especial na política. Isso poderia se realizar por meio da criação de cotas de candidaturas para negros em partidos políticos, a fim de que esse grupo étnico consiga maior representatividade no setor público e, assim, possa conduzir melhor as ações afirmativas e inclusivas destinadas aos negros. Por fim, urge que o Ministério da Cultura, em parceria com canais televisivos, desconstrua a visão humana europeizada, ou seja, é fundamental a criação de campanhas educativas nos meios de comunicação para instruir a comunidade sobre não só os danos causados pelo racismo, mas também a importância do respeito a diversidade estética, cultural e religiosa  para a melhor convivência e efetivação dos direitos humanos.