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Enviada em: 25/06/2018

Ao longo de sua história, o Brasil construiu o mito da nação racialmente democrática. Porém, as relações sociais entre negros e brancos, as situações cotidianas e a maneira pela qual o primeiro grupo é visto pela sociedade brasileira denunciam a permanência do racismo e da ignorância. Ainda que, a Constituição Federal estabeleça que todos o homens são iguais, sem a distinção de cor ou raça, a população negra convive diariamente com a discriminação em suas amplas formatações.     Primeiramente, é válido ressaltar que o cenário pós abolição da escravidão, em 1888, é determinante na história, visto que, não houveram movimentos sociais ou elaboração de políticas públicas a fim de realocar os ex-escravos nas recém modernizadas cidades brasileiras. Em decorrência dessa falta de responsabilidade social, houve um grande movimento de marginalização urbana, que concentrava em locais afastados indivíduos carentes de educação e saúde básica. Atualmente, as favelas são o maior exemplo da manutenção da exclusão social, pois são nesses locais que congregam uma população pobre, vítima da violência  e da falta de recursos e investimentos.    Segundo o Atlas da Violência de 2017, a mortalidade de jovens negros e pardos é quase três vezes maior que a de brancos, o que revela uma situação de vulnerabilidade negra no país.  Ainda que, atualmente, realizaram-se importantes avanços sociais, como as ações afirmativas nas universidades e a obrigatoriedade do ensino da história dos povos africanos nas escolas brasileiras, os esforços não devem ser medidos. Ademais, a participação negra nas universidades, de acordo com o IBGE, é menor que 30%, o que é um indicador do atraso e da evasão escolar maior neste grupo de alunos, devido a falta de estímulo aos estudos ou a necessidade de trabalhar precocemente.    Portanto, o Governo Federal deve atuar junto as Secretarias de Educação e Saúde a fim de elaborar um plano de garantia da qualidade de vida nas periferias urbanas, criando maior acesso e qualidade nos serviços. Cita-se como excelentes iniciativas o aumento no número de escolas públicas e unidades de saúde de pronto atendimento, com o intuito de oferecer assistência e suporte às famílias. Além disso, as medidas já tomadas, como o ensino da cultura africana e as cotas raciais, devem ser protegidas e mantidas pelo Governo, a fim de catalisar o acesso ao conhecimento da história e da educação brasileira. Por fim, devem ser realizados trabalhos intensivos de apuração dos casos de violência no país, de forma a garantir a igualdade no tratamento executivo e judicial de negros e brancos. Assim, as marcas deixadas por mais de 300 anos de escravidão no Brasil serão gradualmente apagadas e superadas, colocando verdadeiramente o país como racialmente democrático.