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Enviada em: 02/07/2018

Conforme o sociólogo Pierre Bourdieu, os indivíduos incorporam, naturalizam e reproduzem determinados comportamentos e estruturas sociais ao longo do tempo. Essa premissa denominada herança histórico-cultural é notadamente percebida ao passo que a escravidão abolida há três séculos , ainda permanece enraizada no desenvolvimento da sociedade atual. Dessa forma, deve ser analisado como o preconceito e o trabalho escravo contemporâneo contribuem com a permanência desse legado hodiernamente.  Em primeiro lugar, os negros, durante o período colonial, eram os principais alvos da escravidão. Com a invalidação dessa atividade, esses indivíduos ficaram à margem da comunidade, pois não foram criados mecanismo para inseri-los socialmente. Devido à isso, tal minoria ficou exposta aos preconceitos e às desigualdades que prosperaram até os dias atuais, assim como foi dito por Pierre. Por conseguinte, essa parcela da população sofre com a invisibilidade social e com as dificuldades de se introduzir no mercado de trabalho.  Em segunda análise, o Brasil faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU), cujos países participantes estão interligados pela carta de Direitos Humanos. Entretanto, a existência da escravidão contemporânea na sociedade brasileira rompe com a dignidade e a liberdade das pessoas exploradas. Isso ocorre à medida que cidadãos sofrem com alojamento precário, falta de saneamento básico e higiene, isolamento geográfico e retenção de salário. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, a maior parte dessa submissão ocorre na pecuária, na qual cerca de doze mil pessoas foram libertadas até 2014.  É evidente, portanto, que a escravidão deixou heranças negativas que usurpam os direitos de milhares de pessoas. Dessarte, é mister que o Ministério da Cultura ,em parceria com a mídia, crie mecanismos que diminuam os índices de preconceito. Isso pode ser realizado por meio da transmissão de novelas, propagandas e filmes que exploram a riqueza da cultura negra, desde as vestimentas até as suas religiões.Tal resgate identitário deve ainda retratar a condição de escravo desse povo atualmente, a fim de amenizar os problemas sofridos por esses seres. Aliado a isso, é importante que o Governo Federal adote medidas de assistência ao trabalhador libertado e fixe as repressões ao crime do trabalho escravo. Essas ações devem ser feitas através do alojamento e da assistência social à vítima e da condenação do criminoso, para que , assim, a prática desse delito cesse. Dessa forma, será possível decrescer os efeitos causados pela herança histórico-cultural defendida por Bourdieu.