Realidade Móvel O imobilismo, defendido por Parmênides, discorre que a realidade é imóvel. No entanto, o passar dos séculos e as mudanças que acompanharam o tempo provaram que essa teoria é refutável. Diante disso, a herança ideológica e a falta de atuação do Poder Público corroboram para que a escravidão moderna seja tratada como uma problemática imutável da sociedade. A priori, a ideologia ainda presente cria uma linha tênue entre o problema e a solução. Karl Marx, em "O Capital", disserta sobre o "Exército de Reserva", isto é, grupos que aceitam a exploração pela necessidade de empregabilidade. Sob esse viés, a tese do sociólogo alemão se assemelha à situação brasileira, dado que a crise financeira que assola o país, desde 2014, contribuiu para a o crescimento do desemprego e, simultaneamente, para o aumento de ofertas trabalhistas impróprias. Desse modo, a tendenciosidade dos contratantes, vinculada à impunidade, permite que a problemática continue vigente. Além disso, a ação governamental retarda o alcance do êxito. Getúlio Vargas, em 1930, redigiu as leis de proteção do trabalhador urbano. Mesmo com decorrer das décadas, a legislação não foi atribuída ao trabalhista rural, posto que, de acordo com a Ministério do Trabalho, cerca de 49,64% dos campestres vivem em condições análogas à escravidão. Com isso, a despreocupação do Estado em garantir dignidade a todo cidadão, como rege a Carta Magna de 1988, potencializa a propagação dessa desumanidade no território nacional. Torna-se fatídica, então, a necessidade de mitigar a escravidão do século XXI. Logo, o Ministério Público deve atuar na preservação dos trabalhadores, para isso, faça investigações de ofertas oferecidas, a fim de punir os culpados, uma vez que ampare os necessitados durante a crise. Ainda, cabe ao Poder Legislativo ampliar as normas trabalhistas ao setor rural, para que haja proteção justa. Só assim, o Brasil refutará Parmênides e terá uma realidade móvel.