Materiais:
Enviada em: 17/03/2019

Após três séculos de exploração da escravidão, o Brasil ainda tenta lidar com o legado que essa prática trouxe desde o berço de sua colonização pelos portugueses, com exploração do trabalho humano para a geração de riquezas, principalmente do negro africano, em condições degradantes e desrespeito às mínimas condições de dignidade humana, repercutindo silenciosamente pela sociedade contemporânea em preconceito, desigualdade e intolerância.     Não é a toa que a população ainda conviva com essas tensões marcadas pela desigualdade: o Brasil foi o último a abolir a escravidão no mundo ocidental e não estabeleceu nenhuma política de integração social visando diminuir as desigualdades provocadas por anos de humilhações. Ao contrário, permitiu que se arraigassem à língua portuguesa termos preconceituosos que remetem ao preconceito como "a negra", “a preta”, termos utilizados no livro de Monteiro Lobato, referindo-se à personagem Tia Anastácia.    Negar essa existência intrínseca da segregação e a ausência de igualdade social leva a uma falsa ideia de que no país não diferenciação social entre raças, que as oportunidades são iguais, uma grande mentira: os longos anos de escravatura e a ausência a de políticas de integração após a abolição deixaram a população à mercê da marginalização pela ausência de moradia (foram expulsos das fazendas), de emprego (foram substituídos pelos imigrantes) e forçados a viver em condições precárias de subsistência e sem oportunidades e recursos para educação, restando poucas chances para ascensão social e melhoria de vida.     Esse é, portanto , o grande legado deixado pela escravatura: o débito social em relação à população afro descendente  e o país tem adotado políticas visando equilibrar o abismo deixado por ela, como as políticas de quotas para ingresso nas universidades e combate sistemático à intolerância racial, por agressão verbal ou física, mas ainda é muito pouco. O racismo precisa ser melhor qualificado pela legislação brasileira para que deixe de sobreviver escamoteado pela falsa ideia de  pessoalmente que não se pactua com ele mas , na realidade, é estrutural na sociedade brasileira e precisa ser amplamente combatido e varra definitivamente essa mazela deixada como uma herança maldita por nossos colonizadores.