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Enviada em: 02/07/2019

No Brasil, a herança da escravidão não deve ser vista, hodiernamente, apenas como uma mera questão de ingerência escolar, mas sim como um desserviço social que apresenta razões inadmissíveis. Nesse sentido, é preciso assegurar o respeito, a tolerância, a cidadania e a dignidade em meio à sociedade, de sorte a combater aquele problema endêmico. Destarte, é irrefutável que ocorra uma remodelação dos projetos escolar e familiar.     Em uma primeira abordagem, a ausência de discurssões sobre a problemática no âmbito escolar é uma realidade. No que tange a isso, apesar de conter na grade curricular a escravidão como um dos pilares para a formação do país, ela não aprofunda as consequências que esse legado trouxe até os dias atuais. De acordo com uma pesquisa feita em São Paulo, no ano de 1988, quase todos os entrevistados afirmaram não possuir preconceito racial, em contraponto, a maioria dessas mesmas pessoas afirmaram conhecer alguém próximo que era preconceituoso. Em síntese, os três séculos de escravidão continuam influenciando a maneira como os negros são vistos no Brasil, apesar de grande parcela da população optar ignorar esse fato, e é papel da escola trazer esse problema em pauta.     Paralelo a isso, é importante explanar a intolerância em um viés cultural. No que concerne a esse contexto, é comum que muitos brasileiros relacionem, erroneamente, o negro a pobreza, esse pensamento ocorre por conta da população nas comunidades e periferias ser composta, predominantemente, por negros e mestiços. No entanto, essa circunstância é resultado do período em que houve a abolição da escravatura a qual apesar de na teoria reconhecer o antigo escravo como ser humano livre, na prática não foi efetiva em sua inserção na sociedade. Exemplo disso, tem-se que não obtiveram oportunidades de empregabilidade e com isso não detinham dos mais essenciais direitos humanos, como moradia segura, saúde, alimentação e educação de qualidade, ou seja, mantiveram-se marginalizados na sociedade. Assim, é necessário um reconhecimento dos cidadãos quanto aos preconceitos enraizados na nação e as sequelas que eles deixam.     É necessário, portanto, que os atores sociais trabalhem frente aos prejulgamentos deixados como herança no Brasil.  Para tanto, a escola e a família devem viabilizar e fortalecer a difusão do senso crítico acerca da implicatura, pois desconstruir a intolerância nesses ambientes é estimular atitudes respeitosas entre os indivíduos de diferentes etnias. Além disso, tal empreitada intersocial será executada por intermédio de um ciclo de ações engajadas, a exemplo, seminários, palestras e projetos de extensão, que incutam o sentimento de alteridade no trato social. Por fim, objetiva-se atingir o respeito mútuo, sentimento ímpar para formar um Estado onde o ódio é substituído pela harmononia.