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Enviada em: 04/07/2019

No Brasil, a herança da escravidão não deve ser vista, hodiernamente, apenas como uma mera questão de ingerência escolar, mas sim como desserviço social que apresenta razões inadmissíveis. Nesse sentido, é preciso assegurar o respeito, a tolerância, a cidadania e a dignidade em meio à sociedade, de sorte a combater o persistente racismo enraizado no país resultante do processo de formação da nação. Destarte, é irrefutável que ocorra uma remodelação dos projetos escolar e familiar.    Em uma primeira abordagem, a ausência de discussões sobre a problemática no âmbito escolar é uma realidade. No que tange a isso, apesar de conter na grade curricular a escravidão como um dos pilares para a composição do país, ela não aprofunda as consequências que esse legado conduziu para os dias atuais, a exemplo, desigualde social, intolerância religiosa e supremacia étnico-racial. De acordo com uma pesquisa feita pelo Intituto Brasileiro de Opinião e Estatística, no ano de 2017, 46% dos entrevistados relataram ter feito ou ouvido uma declaração discriminatória em relação aos afrodescendentes, em contraponto, 83% afirmaram não ser preconceituosos. Em síntese, os três séculos de escravidão continuam influenciando a maneiro como os negros são vistos no Brasil, e grande parcela opta por ignorar esse fato, sendo assim papel da escola trazer esse problema em pauta.    Paralelo a isso, é importante explanar a intolerância em um viés cultural. No que concerne a esse contexto, é rotineiro que muitos brasileiros relacionem, erroneamente, o negro e o mestiço a pobreza por serem predominantes nas comunidades e periferias. No entanto, essa circunstância é resultado do período de abolição da escravatura a qual apesar de na teoria reconhecer o antigo escravo como ser humano livre, na prática não foi efetiva em sua inserção na sociedade. Exemplo disso, tem-se o a declaração feita pelo doutor em direito e ativista negro, Silvio Almeida, que declarou as discriminações como estruturais e não como atos conscientes, para ele não é necessário que alguém se declare racista para ser, já que no Brasil o que impera é o preconceito velado. Sendo, assim, necessário um reconhecimento dos cidadãos quanto as sequelas deixadas por esse período lamentável da história.    É necessário, portanto, que os atores sociais trabalhem frente aos prejulgamentos deixados como herança no território brasileiro. Para tanto, a escola e a família devem viabilizar e fortalecer a difusão do senso crítico acerca dessa implicatura, pois desconstruir a intolerância nesses ambientes é estimular atitudes respeitosas entre os indivíduos de diferentes etnias. Além disso, tal empreitada intersocial será executada por intermédio de um ciclo de ações engajadas, a exemplo, seminários, palestras e projetos de extensão, que incutam o sentimento de alteridade no trato social. Por fim, objetiva-se atingir o respeito mútuo, sentimento ímpar para formar um Estado onde o ódio é substituido pela harmonia.