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Enviada em: 17/06/2018

A Semana da Arte Moderna buscou valorizar a arte nacional através da libertação no que tange às influências do exterior; entretanto, muitos artistas foram vaiados e receberam duras críticas dos próprios cidadãos presentes. Nesse contexto, fica evidente que o brasileiro nunca se viu representado pela cultura nacional, tendo uma sensação de abandono em relação à Pátria amada. Seja por fatores estruturais-históricos ou por um comportamento social de autonegligenciação, ainda não experiencia-se um ideário populacional de pertencimento à terra adorada.       Em primeira análise, percebe-se que fomos, por muito tempo, espectadores da própria história. Isso porque, após a colonização portuguesa, nunca houve uma experiência plenamente tupiniquim, uma vez que passamos a reproduzir nossa nação nos moldes europeus. Além disso, o genocídio indígena aniquilou as raízes da cultura brasileira, inibindo qualquer traço que pudesse desenvolver, posteriormente, algum sentimento de brasilidade. Tal panorama catalisa o "viralatismo", fenômeno descrito por Nelson Rodrigues como "a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". Destarte, quando o próprio indivíduo se subjulga em relação ao globo, torna-  -se quimérico a ideia de reconhecer e valorizar a própria identidade.       Ademais, segundo o escritor brasileiro Humberto Mariotti, "este complexo de inferioridade, reforçado pelos sucessivos escândalos de corrupção, só poderá ser satisfatoriamente resolvido através da educação". A falta de um ensino que aprofunde de forma cabal a própria história desestimula a busca pelo autoconhecimento em relação às origens. Por exemplo, comemora-se o Dia do Índio, mas desconhece-se sua luta e resistência para alicerçar seu lugar na sociedade, este cada vez mais diminuto. Assim, um entendimento superficial do passado favorece a falta de recognição de sua importância, impedindo que haja um consciente social a par de sua identidade e raízes.       Infere-se, portanto, que medidas precisam ser tomadas a fim de consolidar a noção de cultura nacional no ideário brasileiro. Cabe ao Ministério da Cultura promover palestras em escolas em dias comemorativos com a participação dos indivíduos celebrados, estimulando uma visão do passado por outras lentes e de forma mais aprofundada, com a finalidade de fomentar, desde jovem, o senso crítico e discernimento no que concerne à própria história, como negros ou índios presentes no Dia da Consciência Negra ou Dia do Índio, respectivamente, para aproximar tais vivências à realidade dos estudantes. Ainda, é papel da mídia promover documentários que explorem de forma verossímil o passado brasileiro, com o intuito de propagar a memória por todos, independente da faixa etária. Assim, os filhos da Pátria mãe recuperarão, depois de cinco séculos, o sentimento de pertencimento.