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Enviada em: 15/10/2018

Na visão eurocêntrica da história brasileira, a chegada dos portugueses às terras que, posteriormente seriam chamadas de Brasil, recebeu a nomenclatura de "descobrimento", como apontado no livro “Introdução a uma História Indígena”. O marco zero da cultura de nossa civilização, considerando esse etnocentrismo, iniciou-se apenas com a chegada de nossos colonizadores. Assim, os agentes ativos das manifestações culturais passam a ser os Portugueses, representados por exemplo, pelos Jesuítas que inseriram sua forma de fé em uma ambiente já espiritualizado. Deixando os povos originários reduzidos à força de trabalho, e posteriormente a vítimas da escravidão, ceifou-se o reconhecimento de nossas origens, desconsiderando-os como agentes contribuidores da construção de nossa identidade cultural.        Além da população indígena, o quadro descrito acima é corroborado pelo preconceito contra manifestações culturais afro-brasileiras. Considerando o passado escravagista de nossa sociedade, preconceitos ainda permanecem enraizados, tornando-se base para afirmações sensacionalistas e sem conhecimento de causa, por exemplo, associando a imagem de capoeiristas à marginalidade, e fomentando ataques à imagem do candomblé e ubanda, e seus seguidores.        Além da falta de conhecimento e preconceito que ainda rondam o termo ”cultura popular”, atualmente há a mercantilização que estabelece o que deve ser explorado, ou caso não ofereça retorno econômico, ignorado. Pode-se dar o exemplo da indústria musical e cinematográfica, em que são priorizados determinados estilos em relação a outros, padronizando e tornando difícil o acesso da população a diferentes formas de cultura que saem desse comum. Perdem-se, dessa forma, inúmeras manifestações tradicionais que são esquecidas, e oportunidades para a população ser agente, membro ativo da criação das bases culturais, passando apenas a um consumidor sem criticidade.        Torna-se necessário que a pluralidade cultural seja abordada através de campanhas governamentais através das diferentes mídias, em seus mais diferentes aspectos, desde as manifestações religiosas às bases políticas que dão origem a diferentes tipos de sociedades. A divulgação, através de material publicitário e documentário, da importância de determinados povos em nossa cultura, especialmente os indígenas e africanos, deve fomentar um debate a respeito da contribuição dos mesmos na construção de nossa sociedade. O combate a mercantilização da cultura pode ser feito através do aumento do acesso da população a diferentes manifestações culturais, como espetáculos e festivais que prezem pelas raízes culturais locais, e que dialoguem com seus espectadores, trazendo à tona a importância de lembrar sua história.