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Enviada em: 22/03/2019

Na música “Não tem tradução”, o compositor Noel Rosa discorre à importância da valorização da fala popular brasileira como fonte de construção de um patrimônio cultural no país. Tal fator, dentre outros, como a religião, comida, vestimenta e folclore, compõem o multiculturalismo existente no Brasil e tornam-se fundamentais para transmissão e reconhecimento de acervos históricos regionais. Todavia, biopoderes, como a globalização e o preconceito, fazem com que essa diversidade venha ser diminuída.     É irrefutável notar, que a multinacionalidade está tornando-se componente principal da nação brasileira. Desde o desenvolvimento das grandes navegações, em busca de novas terras e especiarias, países vêm sofrendo influência dos costumes de outros. No Brasil não tem sido diferente. A aproximação com a cultura norte americana, europeia e asiática, por meio de filmes, músicas e séries, fazem com que as formas de vida aqui existentes se modelem, gerando uma desvalorização e perda da singularidade. Um fato notório é a utilização de expressões em outros idiomas, a buscar por canções internacionais, a valorização do cinema hollywoodiano, dentre outros.    Além disso, cabe analisar, como a intolerância cultural afeta diretamente a expressão de costumes nacionais e regionais. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos em uma modernidade líquida, onde as relações são fluidas e instáveis. Logo, uma falta de empatia social faz com que discurso de ódio e piadas sejam direcionadas para aqueles que são considerados diferentes. Como exemplo, pode-se citar, a discriminação vinda do Sudeste para aqueles que compõem o Nordeste, categorizando-os como inferiores pela forma de falar. Atitudes essas que são criminalizadas pela legislação, porém acabam passando impune devido a fragilidade do Poder Executivo.     Urge, portanto, que subterfúgios sejam tomados. Cabe ao Ministério da Cultura, em parcerias com ONG’s, criar o projeto “Valorização já!”, o qual publicará podcast nas redes sociais, além de promover workshops, com o tema cultura, buscando incentivar a valorização do nacionalismo. O trabalho contará com o apoio de historiadores, sociólogos e pedagogos – profissionais capacitados para melhor expor e desejado – e alcançará todas as camadas sociais. Ademais, compete ao Governo Federal desenvolver portais eletrônicos e centrais de atendimento gratuitas, para receber denúncias anônimas sobre intolerância cultural. O infrator sofrerá penalizações, conforme as prescritas pela Constituição, e deverá pagar uma indenização a vítima, caso seja uma situação de violência moral. Semente assim, materializando tais propostas, poder-se-á mudar o cenário atual.