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Enviada em: 24/04/2017

O Brasil, mesmo sendo uma nação multicultural e etnicamente diversa, oriunda da contribuição de diversos povos ao longo da história, encontra dificuldades na preservação e valorização dessas riquezas culturais populares devido à insciência, pela própria população, de suas origens e da formação de seus costumes, em adição ao maior contato entre diferentes culturas, no contexto da globalização, que acabam se influenciando cada vez mais. Em face disto, cabe à educação, junto às políticas de promoção de cidadania e direitos às comunidades mais frágeis, a tarefa de conservar e cultivar os valores culturais e manter a identidade nacional.      A desvalorização e a fragilidade dos valores culturais populares residem na alienação do povo de sua própria história, dos valores e da cultura que apresenta, devido à problemas sociais, como analfabetismo e desigualdade socioeconômica, que limitaram a formulação de pensamento esclarecido e enaltecedor da própria cultura. Esta tem sido desvalorizada e sobrepujada, ao longo dos séculos, pelas tradições e valores provenientes dos Estados Unidos e da Europa, que influenciaram a produção artística nacional, em boa parte repetidora daquelas tradições estrangeiras, até o início do século XX, com o advento do Modernismo. O preconceito e desvalorização das culturas oriundas das periferias e outras regiões fora do polo econômico brasileiro é uma marca do pensamento erudita e elitizado provindo daqueles valores estrangeiros.       Somam-se a isto a influência das culturas de massa, impostas pela mídia e propagandas, e a conectividade e contato entre diferentes culturas ao redor do mundo, devido à globalização e às tecnologias da informação, agravando o risco de ocorrer tanto preferências pelos costumes e elementos culturais estrangeiros como processos de aculturação e absorção de elementos externos à cultura local, sem que esta tenha sido compreendida e preservada, em sua essência, pelo povo.       Diante deste quadro, os campos de atuação mais eficazes, através dos poderes públicos e do Estado, são o educacional e o desenvolvimento de comunidades economicamente desfavorecidas. O primeiro campo deve estimular, em todos os alunos, a reflexão e valorização dos costumes de cada localidade, a desconstrução de preconceitos e o respeito às diferentes culturas, através do estudo e investigação, das manifestações artísticas de todo o país e da realização de projetos, exposições e trabalhos relativos aos estudos, à exemplo do proposto pela Lei 10.639/03, que garante os estudos da influência cultural africana sobre o Brasil. Já no segundo campo, a formulação de incentivos e políticas públicas que promovam o crescimento sustentável e econômico de comunidades periféricas, indígenas e quilombolas, por exemplo, pode preservá-las, bem como suas culturas, ante o mundo multicultural .