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Enviada em: 23/04/2017

O perigo da história única   A história de um povo é composta, justamente, da sobreposição de muitas histórias e, estas, constroem-se a partir das diferentes culturas nas quais este povo está inserido. Sendo o Brasil um dos países mais miscigenados do mundo, o perigo de olhar para sua história por um viés único é uma ameaça a construção de sua identidade.   Chimamanda Adichie, escritora nigeriana, afirma que ao ouvir somente uma história sobre uma pessoa ou país, corre-se o risco de gerar grandes mal entendidos. É conhecido que o Brasil tem sua estruturação em, pelo menos, três diferentes culturas. Os brancos colonizadores portugueses; os indígenas, povos nativos que aqui já estavam antes da chegada destes últimos; e os negros trazidos de África. É necessário entender que já é um erro analisar os indígenas sob uma única concepção cultural, visto que, na verdade, são formados por diferentes etnias e, consequentemente, legados culturais distintos.   Valorizar a cultura popular de um povo é valorizar este povo, que é seu protagonista. Minimizar a história sob a ótica etnocêntrica que, no Brasil, resume-se à uma visão puramente europeizada é menosprezar todo o saber vindo dos indígenas, africanos e imigrantes de outras partes do mundo que também compõem este corpo social. Como sustenta Paulo Freire, não há saber mais ou menos, há saberes diferentes. Podemos citar como desvalorização, o genocídio da população indígena que, portanto, vai além do contexto humano, adentrando o campo do etnocídio. É o assassinato de uma cultura estruturadora da sociedade. Assim, é evidente a necessidade de conhecimento e valorização destes construtores da população brasileira e de seus patrimônios material e imaterial.   Portanto, a construção do conhecimento em torno destas distintas, mas complementares culturas é a base da valorização da história do povo brasileiro. A lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece obrigatório o ensino da cultura indígena, africana e afro-brasileira, e seu cumprimento deve ser cobrado das instituições de ensino, começando com o oferecimento da formação de seu corpo docente para tal assunto. A aprendizagem na escola sobre a estrutura social de sua própria sociedade deve ser o princípio para crianças e jovens respeitarem e entenderem suas diferenças, desmistificando, assim, pré-conceitos que podem ser extintos com a passagem deste conhecimento para as pessoas a seu redor.