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Enviada em: 24/08/2017

Ameaças à Tradição e à Identidade Nacional        Quando sob domínio holandês, no século XVII, o nordeste brasileiro passou por significativas reformas artística e urbanística. As inovações renascentistas do período nassoviano serviram de legado aos movimentos que viriam nos séculos posteriores e contribuíram para a formação da identidade cultural brasileira, bem como para a compreensão dela. São exemplos disso os trabalhos de Albert Eckhout e de Frans Post, que lançaram luz sobre a figura do gentio brasileiro. Todavia, compreender o papel da cultura popular é, ainda hoje, tarefa consideravelmente negligenciada.        "O que a cultura pretende? Tornar o infinito compreensível." Com essa frase, o escritor Umberto Eco expõe a primeira função da cultura: unir elementos e dar-lhes significados, de modo a evidenciar o conjunto de crenças e de instituições de um povo. Assim, a inserção de vocábulos tupis na língua portuguesa e a tradição culinária regional constituem conjuntos de signos que remetem à história de formação nacional e às relações sociais existentes em determinadas épocas e, por isso, são fundamentais para a compreensão da história.       Não obstante, a despeito dos valores histórico e civilizacional atribuídos aos hábitos e aos costumes, eles enfrentam, hoje, significativas barreiras para se perpetuarem. Pesam contra eles, sobretudo, as influências estrangeiras, que eliminam as peculiaridades dos grupos culturais existentes por meio da padronização de hábitos e de tendências estilísticas e lexicais. Assim, a tradição dos povos constituintes do povo brasileiro, como a dos negros africanos, a dos italianos e a dos alemães, torna-se dispersa e tende ao desaparecimento.        Em síntese, fica clara a importância da cultura popular na preservação da história nacional. Desse modo, compete ao Poder Público, sobretudo ao Ministério da Educação, a tarefa de promover o estudo, em níveis escolar e acadêmico, das características dos povos responsáveis pela formação histórica do país, bem como preservar, em museus e por meio de monumentos públicos e de datas comemorativas, a memória do passado. Cabe à população a tarefa de, por ato consciente, manter vivas as tradições históricas. Por essa via, a nação brasileira manterá ambiente propício à manifestação de gênios do passado e dos laços de união em todo o território da outrora Ilha de Vera Cruz.