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Enviada em: 26/06/2018

"Quem planeja a curto prazo deve plantar cereais; quem planeja a médio prazo deve plantar árvores; quem planeja a longo prazo deve educar homens." Passados mais de dois mil e quinhentos anos desde que Kwan Tsu, filósofo chinês, proferiu tal sentença, nenhuma experiência civilizacional exitosa a contraditou. Ao contrário, corroboraram-na todas, sem restrições: não há progresso - social, econômico, político - sem a educação do ser humano. Desde a época do sábio, muito se incorporou ao processo pedagógico, quer na área do conhecimento da mente humana, quer na da criação de ferramentas para a educação. Nesse campo, presentemente, vê-se a disseminação irrefreável e benéfica da educação à distância e o Brasil não pode ignorar esse valioso instrumento.      Inicialmente, cabe observar, com atenção, recente reportagem do jornal O Estado de S. Paulo: brevemente, no país, haverá quatro computadores para cada cinco habitantes. Em se confirmando a expectativa, o Brasil estará à frente da média mundial, que é de 66 dispositivos para cada 100 habitantes. Ainda segundo o relato, já existem, no país, mais "smartphone" ativos do que habitantes. Isso significa que um número impressionante de brasileiros tem acesso rápido à internet e, assim, valendo-se das facilidades da rede, pode participar de um curso à distância, sem os custos inerentes a um presencial, tais como transporte e alimentação, os quais não podem ser desconsiderados em um país onde 66% da população recebe até R$ 2.034,00. O uso dessa rede, já instalada e operante, para  a educação à distância vem, portanto, ao encontro do ensinamento de Jean-François Revell, filósofo francês, segundo quem um dos mais profundos sentidos da palavra democracia é a igualdade de todos os cidadãos perante a escola.      Outro dado impactante foi revelado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): entre os jovens brasileiros de 15 anos de idade, somente 2,4% querem ser professores.  Em futuro muito próximo, consequentemente, não haverá profissionais dedicados à máxima de Kwan Tsu. Urge, por conseguinte, que se empreguem os professores existentes para semear livros, "livros a mancheias, e fazer o povo pensar", como cantou o poeta Castro Alves.      Cumpre, pois , incentivar a educação à distância. Por intermédio do Ministério da Educação, o poder público deve financiar a instalação dos meios técnicos requeridos pela modalidade. O apoio financeiro poderá, também, ser dado por meio de remuneração indireta, concedendo aos profissionais atuantes nos cursos à distância bolsas de estudo e pesquisa concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Caberá igualmente ao MEC a fiscalização e a avaliação dos cursos oferecidos. Assim, o país será aprovado, à distância, por Kwan Tsu e por Revell.