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Enviada em: 18/06/2017

Num momento em que se discute frequentemente a redução da maioridade penal no Brasil, a máxima do filósofo e matemático grego Pitágoras nunca pareceu tão atual: "educai o jovem de hoje para que não seja necessário punir o adulto de amanhã". É preciso lembrar, no entanto, que a educação não se resume ao seu aspecto formal, dentro do ambiente escolar, e reforçar a ideia de que a sociedade como um todo, sobretudo as famílias, é responsável pelo desenvolvimento pleno das gerações futuras.        Quando se trata de encontrar os responsáveis pelo mau comportamento e rendimento escolar das crianças, o senso comum costuma apontar para dois lados, de modo excludente. Ou o jovem não recebe a devida educação dos pais, ou a escola não possui meios suficientes para adequá-lo ao padrão social que se espera. Tanto um lado quanto o outro se vê como algoz de uma situação que, todavia, requer um olhar mais abrangente       A Lei de Diretrizes e Brases da Educação Nacional, que rege a estruturação e o funcionamento da vida escolar no país, prevê claramente a participação dos familiares não só nas decisões de cunho individual que envolvam seus filhos, mas na própria construção da escola em si. Está prevista, por exemplo, a formação de um conselho que funcione como entidade representativa de diálogo de todas as instâncias que compõem a instituição escolar, de modo a tornar esse espaço democrático e participativo.         Embora haja uma tentativa de transformar a escola em algo que vá além do seu caráter instrucional e meramente formativo, o que se percebe na prática é uma participação superficial dos pais no cotidiano escolar, uma vez que para a maioria deles basta que o jovem apresente boas notas e não cause transtornos. Isso implica diretamente na construção de um ideário que vê a escola como a única responsável pela educação da criança, excluindo, portanto, o dever da família em complementar e reforçar o desenvolvimento educacional do jovem.        Neste sentido, faz-se necessário investir em medidas que aproximem ainda mais e de maneira efetiva a escola, a família e a comunidade. Para além do Conselho de Escola, as Secretarias de Educação, em conjunto com o Ministério Público e o Ministério da Educação, podem pensar numa norma legislativa que torne obrigatória a participação dos pais nos órgãos colegiados da escola, de modo que a sua frequência, devidamente comprovada, seja revertida em isenções nos equipamentos de lazer, como cinemas e teatros, garantindo, assim, a construção coletiva do espaço escolar e de uma rede de esforços que vise o desenvolvimento adequado dos jovens.