Materiais:
Enviada em: 03/09/2017

Aprender é trabalho de criação   Contíguo ao estouro da Segunda Revolução Industrial, o sociólogo alemão Georg Simmel apresentou ao mundo sua tese acerca da Reserva Urbana, a qual introduziu o homem como corpo desconectado da realidade. Assim, devido aos exorbitantes estímulos, a sociedade traspassaria sobrecarregada com apatia e menor envolvimento com o próximo, exigindo-se, portanto, uma sensibilidade específica e mais fria. Nesse contexto, faz-se necessário ponderar sobre o reflexo de tal proposição sobre a educação e a importância dos laços criados em torno dela dentro do ambiente familiar, na sociedade contemporânea.   Embora a condição financeira do brasileiro tenha melhorado no decorrer dos anos, é sabido que o inexpugnável mundo capitalista tem afogado a população em um mimetismo de sobrevivência, especialmente em regiões onde o alto custo de vida faz-se presente. Em cidades como São Paulo, havendo grande tempo de deslocamento entre o lar e o trabalho, é comum que pais e filhos compartilhem poucos minutos de seus dias. Dessa forma, cabe à escola, quase que exclusivamente, a tarefa de educar e escolarizar o jovem, o qual sofre pela falta da base familiar em sua estrutura e pelo modelo educacional obsoleto e sobrecarregado do país.     Ademais, há uma alta taxa de desinteresse às matérias obrigatórias por certa parcela dos alunos, que segundo o IBGE, quando chegam ao ensino médio, menos de 80% atingem nível aprovável de leitura. O que se depreende, então, é o afastamento dos jovens do âmbito educacional, carentes de alicerce e de acompanhamento. Com a ausência dos pais quanto à ajuda e cobrança domiciliar, a falta da participação deles na escola, como em reuniões que poderiam estabelecer parâmetros e meios de corrigir problemas, a sociedade se põe à deriva ao pensar-se no futuro das crianças. Aprender é trabalho de criação.     Portanto, lembrando-se da afirmação de Simmel de que a modernidade mudou o ritmo da vida, faz necessário que o Ministério da Educação, por meio das escolas, elabore eventos que possam elucidar os pais quanto à importância da presença na vida dos filhos. Com terapeutas familiares executando palestras e conversas e a criação de uma associação de pais, poder-se-ia sensibilizar aqueles que se veem longe demais dos filhos e, dessa forma, ajudar a encontrar soluções cabíveis a cada caso particular, por meio de diálogos em que o jovem expressasse suas necessidades e angústias. Assim, havendo uma união entre escola e o grupo familiar, instaurar-se-ia um suporte na ajuda e cobrança por resultados, de ambos os lados, colocando a criança no centro, onde poderá ser educada pelos valores familiares, escolarizada por professores e ajudada por ambos.