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Enviada em: 18/09/2017

Nos últimos anos, observou-se um aumento expressivo dos gastos do Estado na educação. De fato, ampliou-se significativamente o número de vagas na rede pública de ensino, mas a qualidade do ensino ainda é um problema de difícil solução. Entre as causas da má formação dos estudantes, uma delas parece destacar-se: a ausência da família no processo educacional. Seja pela necessidade dos pais de trabalhar, deixando seus filhos totalmente nas mãos de professores, seja pela insegurança e instabilidade causada pelas novas configurações das famílias, a presença dos pais na educação dos jovens, não obstante essencial, tem sido negligenciada.       O problema não é novo, com o processo de industrialização e a inserção das mulheres no mercado de trabalho, criou-se um vácuo no acompanhamento e educação dos filhos. Some-se a isso, um histórico machista da sociedade, onde muitos pais recusam-se a compartilhar a responsabilidade na educação das crianças, deixando toda a responsabilidade às mães , que, além de educar as crianças, devem trabalhar para compor a renda familiar e realizar atividades domésticas. Resta óbvio que, em meio a tantas atividades, a atenção que era dada à educação dos filhos , divide-se entre outras tantas tarefas e, as crianças acabam por sofrer as consequências.          Além disso, a própria família passa por transformações significativas, decorrentes do período atual. O sociólogo polonês Zigmunt Bauman criou o conceito de modernidade líquida. Segundo o autor vive-se uma época de medo e insegurança, onde as instituições, e dentre elas a família, parecem se liquefazer, dissolver-se. Uniões são feitas e desfeitas em questão de dias e, neste contexto impõe-se uma pergunta: Como ficam as responsabilidades pela educação de uma criança, que já conviveu com diversos núcleos familiares diferentes. Quais valores lhe serão ensinados e por quem, em meio a tanta instabilidade?        Embora tenha conformações históricas, o problema deve ser enfrentado e medidas devem ser tomadas. Os diretores das escolas devem ser proativos, promovendo atividades, em horários alternativos, que aproximem os pais das escolas e incentivem sua participação mais efetiva na formação de seus filhos, orientando-os em seu papel de protagonistas na educação de seus filhos, mormente em tempos de “amor líquido”. O Ministério da Educação deve, por sua vez, realizar campanhas educativas que procurem superar o histórico machista na educação, buscando reafirmar a necessidade de uma responsabilidade compartilhada entre os pais. O mesmo ministério deve também, reorganizar os cursos de pedagogia e licenciatura capazes de formar diretores e professores capazes de exercer este novo papel de orientação de pais e filhos.