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Enviada em: 07/10/2017

O sociólogo Émile Durkheim, em sua teoria, propôs que a sociedade funciona como um corpo biológico, o qual pode ser perturbado por um agente externo. Sendo a formação educacional das crianças tal organismo, a família é vital para seu funcionamento e a sua ausência, característica do Brasil atual, age como o fator prejudicial. Nesse sentido, pode-se observar que tal distanciamento ocorre em função da nova configuração social e do descaso dos responsáveis.        Primeiramente, deve-se considerar que a construção da sociedade contemporânea brasileira afasta os familiares. De acordo com o pensador Zygmunt Bauman, a população atual reside em uma “modernidade líquida”, cuja principal característica é a dinamicidade de fluxos. Dessa forma, a rapidez em que vivem os cidadãos brasileiros faz com que os adultos trabalhem mais, permanecendo, então, menos tempo em casa para educar seus filhos. Em função disso, as crianças passam mais tempo nas escolas, o que torna responsabilidade, quase que restrita, das instituições de ensino a formação de sua personalidade, fora sua função intelectual. Assim, em maioria, os pais encontram-se, na maior parte do tempo, isolados do processo educacional, o que traz sérias consequências.       Além disso, é importante ressaltar que o cansaço dos responsáveis agrava a problemática no Brasil. Isso porque, em meio a uma sociedade capitalista, na qual se difunde a ideia de que “tempo é dinheiro”, o mesmo trabalho em excesso que provoca a ausência parental, faz com que, quando esses retornem às suas casas, estejam esgotados. Dessa maneira, tal exaustão gera a falta de empenho na repreensão de seus filhos, seja realizando todos os seus desejos materiais, seja superprotegendo-os. Logo, essas crianças crescem como adultos mimados, os quais não sabem lidar com as decepções e frustrações da vida, confirmando o que proferiu Kant: o homem é aquilo que a educação faz dele.       Pode-se constatar, portanto, que a família é importante na formação educacional das crianças brasileiras. Desse modo, é necessário que o Ministério da Educação torne obrigatórias atividades mensais, nas escolas, que desenvolvam o trabalho em equipe entre pais e filhos, para Ensinos Médio e Fundamental, a fim de estimular a unidade da família e seu envolvimento com a educação. Junto a isso, as empresas, financiadas pelo Estado, devem promover palestras trimestrais, com psicólogos, que forneçam auxílio aos adultos sobre como balancear seu trabalho e a educação de seus filhos para que sejam criados adultos mais preparados. Talvez, assim, esse corpo biológico volte a funcionar corretamente.