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Enviada em: 22/07/2019

Como resultado de anos de luta em busca de uma democracia real, o Brasil conquistou o direito ao voto direto e secreto como a representação do poder e dos anseios do povo. Nesse sentido, esse instrumento tem relação direta com a participação do indivíduo e com a garantia e efetivação da sua própria cidadania e, por isso mesmo, deve ser valorizado e preservado como fundamentação para os princípios isonômicos da sociedade. Assim sendo, um dos principais desafios ligados a esse tema refere-se a incapacidade do cidadão em perceber a extensão do poder que tem diante da possibilidade de escolher representantes que vislumbrem seus próprios ideais.      Nessa perspectiva, a falta de comprometimento com o aparato político é resultado direto do desconhecimento acerca do passado que trouxe à atualidade o poder do voto, isto é, reflexo de muitos conflitos, lutas e conquistas. Assim, tudo passa pelo pressuposto do conhecimento, na medida em que a transformação começa pelo pensamento e pelo comportamento como bem preconizou Aristóteles ao afirmar que "a excelência não é um ato, mas um hábito" e a própria nuance democrática tem relação direta com a ideia de agir, tanto que um de seus princípios é a chamada isocrasia, responsável por designar o direito à participação e representação política. Desse modo, a garantia da cidadania pela mobilização do indivíduo se dá, antes de tudo, pela transformação em seu intelecto da real amplitude da responsabilidade a ele entregue com o poder obtido pelo sufrágio.     Outrossim, outro aspecto desse tema tem ligação direta com a separação criada artificialmente, e até ingenuamente, pelo indivíduo da sua vida particular e da vida pública em sociedade, ignorando que esses são dois planos de uma mesma realidade e que, por isso, mesclam-se e tornam-se um. Nesse viés, todos as manifestações públicas em prol de mudanças políticas no Brasil foram feitas, justamente, diante da necessidade de alcançar o alinhamento da teoria, nos gabinetes, congressos e ministérios, que discutem, debatem e teorizam, à realidade cotidiana do brasileiro, que é afetada negativa ou positivamente a depender das decisões e iniciativas da esfera política. Dessa maneira, é fundamental, se se almeja transformações, reconhecer a indissociabilidade da vida particular e da pública.      Destarte, a participação política é fundamental para efetivar a garantia da cidadania, porém, a realidade ainda está distante da ideal. Por isso, é de responsabilidade precípua do Estado, na figura do Ministério da Educação, promover a ressignificação do conceito de participação política no intelecto do indivíduo a partir da construção, nas instituições de ensino, de salas específicas para promover o debate, a discussão e a troca de experiência e conhecimento acerca desse campo em específico, a fim de reeducar as futuras gerações, como o futuro que representam, sobre o poder da participação.