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Enviada em: 20/07/2019

Segundo o sociólogo Zigmaunt Bauman, vivenciamos a “modernidade líquida”, um período histórico caracterizado pelas constantes mudanças sistêmicas da sociedade e pela inevitável incerteza decorrente dessas. Destarte, o individualismo perpetua-se como corolário imediato da fluidez dos valores, haja vista a primazia do benefício pessoal em detrimento da solidez moral e harmonia coletiva. No âmbito nacional, evidencia-se a exígua participação política popular como o acre fruto desse plantio efetuado em amorfo período histórico. Nesse contexto, urge analisar a defluência da alienação coletiva e da deficiência do sistema educacional para a permanência da problemática.   A obra “1984”, de George Orwell, retrata uma sociedade distópica na qual a verdade é convenientemente manipulada por um Estado totalitário visando a íntegra doutrinação da população e a consequente incontestabilidade dos preceitos estabelecidos. A sociedade brasileira contemporânea aproxima-se da ficção ao passo que os cidadãos, cegos ao dever de se informar a respeito de seus representantes políticos e averiguar a sua atuação, inviabilizam o desenvolvimento de uma democracia representativa salutar. Os malefícios oriundos da alienação e negligência da população são evidenciados pelos escândalos de corrupção do governo que permeiam diariamente a esfera midiática.  Outrossim, a escola no século XXI emerge como uma instituição de papel social, responsável pela formação de cidadão críticos e participativos na política do país. Portanto, a precariedade da formação socioeducacional é um fator determinante para a inefetividade da cidadania brasileira. Essa conjuntura, consoante ao pensamento de Arthur Schopenhauer de que os limites do campo da visão de um indivíduo determinam sua compreensão do mundo que o cerca, é uma consequência da incúria dos educandários nacionais no que tange à construção do sentimento de responsabilidade de conhecer as necessidades hodiernas da nação para o posterior exercício do direito de escolha dos governantes. Com o intuito de combater o individualismo moderno primordialmente citado, que propicia a falta de solidez na participação política em nossa sociedade, urge a necessidade de mudanças no sistema educacional. Assim, concerne ao Ministério da Educação, mediante a inclusão da disciplina de ciências políticas à Base Nacional Curricular Comum, promover a construção de indivíduos aptos a acompanhar ativamente a atuação de seus representantes. Ademais, compete à família, por meio de debate com seus filhos a respeito das necessidades da nação, estimular desde cedo o sentimento de responsabilidade para com o desenvolvimento da sociedade. Assim, dar-se-á rijeza à participação popular política de nosso país e extinguir-se-á o fluido individualismo.